C.S. Lewis – Deixando-se transformar – Ratos
no porão
Extraído do livro: Cristianismo Puro e Simples – Ed. Martins Fontes
(…) Há muitas coisas que sua a
consciência pode não chamar de totalmente erradas (particularmente coisas que
se passam no seu interior), mas que imediatamente você compreende que não podem
mais ser aceitas, se é que você se dispõe seriamente a ser como Cristo...
(…) começamos a compreender o o que o
Novo Testamento está sempre falando. Ele fala que os cristãos “nascem de novo”,
fala que eles “se revestem de Cristo”. E fala sobre Cristo “sendo formado em
nós”, sobre chegarmos a ter a “mente de Cristo”.
(…) Começamos a perceber a nossa
própria pecaminosidade, além dos atos pecaminosos em particular. Começamos a
ficar alarmados não apenas com o que fazemos, mas com o que somos. Isso pode
parecer muito difícil de entender, então vou tentar esclarecer o meu próprio
caso. Quando faço minhas orações à noite e tento lembrar dos pecados do
dia, em noventa por cento das
vezes, o mais evidente de todos os
pecados acaba sendo a falta de amor: tive mau humor ou fiquei rabugento, ou
usei de sarcasmo ou fiz uma tempestade num copo d'água. E a desculpa que me
aparece imediatamente é que a provocação foi tão repentina e inesperada que não tive tempo de me
dominar. Ora, essa pode ter sido uma circunstância extrema, com relação àqueles
atos em particular: eles obviamente
seriam piores, se tivessem sido deliberados e premeditados. Por outro lado a
reação de uma pessoa quando é pega de surpresa não é a melhor evidência de que
tipo de pessoa ela é?
(...)Se temos ratos no porão, é mais
provável você os apanhar se entrar de repente. Mas o repente não cria os ratos;
apenas impede que se escondam. Por outro lado, o fato da provocação ter sido
repentina não me torna uma pessoa mal-humorada; ela apenas mostra o meu próprio
mau-humor. Os ratos estarão sempre lá no porão...
(...)Aparentemente os ratos do
ressentimento e do sentimento de vingança estão sempre ali no porão da minha
alma. Agora, esse porão está fora do alcance da minha vontade consciente. Posso
controlar os meus atos até certo ponto, mas não tenho controle direto sobre o
meu temperamento. E se, como disse anteriormente, o que somos importa muito do
que o que fazemos – se, de fato, o que fazemos importa principalmente como
evidência do que somos – então a mudança pela qual eu estou precisando passar é
uma mudança que os meus próprios esforços diretos e voluntários não são capazes
de fazer. E isso também se aplica às minhas boas ações. Quantas delas foram
realizadas pelo motivo certo? Quantas foram por medo da opinião pública ou pelo
desejo de se mostrar? Quantas foram por algum tipo de obstinação ou senso de
superioridade que, em outras circunstâncias, poderiam igualmente ter levado a
algum ato maligno? O fato é que eu não
posso, por esforço moral nenhum, fornecer novos motivos a mim mesmo. Depois dos
primeiros passos na vida cristã, nós acabamos nos dando conta de que tudo o que
realmente precisa ser feito nas nossas almas só pode mesmo ser realizado por
Deus.
Devocional ibcu
Thiago Zambellihttp://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=gdmgGhhTKts
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