C.S. Lewis – O amor é dinâmico como uma dança
Extraído do livro:
“Um ano com C.S. Lewis” - Ed. Ultimato
Original do livro:
“Cristianismo Puro e Simples” - Ed. Martins Fontes
Todo mundo conhece e está cansado de repetir a declaração
cristã de que “Deus é amor”.Mas eles parecem não perceber que as palavras “Deus
é amor” não têm sentido verdadeiro a menos que Deus contenha pelo menos duas
pessoas. Amor é algo que uma pessoa tem por outra. Se Deus fosse um só, então
ele não podia ter sido amor antes de o mundo ser criado. É claro que o que
essas pessoas querem dizer quando falam que “Deus é amor” é bem diferente; elas
querem dizer, na verdade, que “o amor é Deus”. Elas acreditam que a atividade
viva e dinâmica do amor tem avançado em Deus para sempre e que ela criou todo o
resto.
E essa, aliás, talvez seja a mais importante diferença entre
o cristianismo e todas as demais religiões: no cristianismo Deus não é uma
coisa estática – nem mesmo é uma pessoa só – e sim, uma atividade pulsante
dinâmica, quase que uma espécie de peça de teatro. Ele é praticamente, se isso
não for uma falta de reverência total, um tipo de dança.
[...]Muito bem, e o que importa tudo isso? Nada neste mundo
é mais importante. Toda essa dança, ou peça dramática, ou característica dessa
vida “tripessoal” deve realizar-se em nós. Colocando de uma outra forma: cada
um de nós deve ter essa mesma característica, deve tomar parte nessa dança. Não
há outro caminho que nos conduza à felicidade para a qual fomos feitos. Tanto
as coisas boas como as ruins, você sabe, são contagiantes. Se você quer se
aquecer, tem de ficar perto do fogo. Se quiser se molhar, tem que entrar na
água. Se deseja alegria, poder, paz, e vida eterna, precisa se aproximar dessas
coisas ou até daquilo que as possui. Não se trata de alguma espécie de prêmio
que Deus pudesse, se assim o desejasse, simplesmente passar adiante para
alguém. É uma grande fonte de energia e beleza que jorra a partir do centro da
realidade. Se você estiver perto dessa fonte, a névoa úmida vai atingi-lo e o
molhará; se ficar longe, se manterá seco. Uma vez unido a Deus, como um ser
humano poderia não viver para sempre? Uma
vez separado de Deus, o que ele poderia fazer a não ser murchar e
morrer?
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