Extraído
do livro: Um ano com C.S. Lewis – Ed. Ultimato.
Original
do livro: Cristianismo Puro e Simples – Ed. Martins Fontes.
Muitas
pessoas supõem que a moralidade cristã está relacionada a alguma barganha em que Deus diz: “Se você
mantiver um monte de regrinhas, eu o recompenso; se não, nem queira imaginar”.
Não acho que essa seja a melhor abordagem. Devo dizer que toda vez que fazemos
uma escolha, transformamos a parte central de nosso ser, o departamento das
escolhas, em algo um pouco diferente do que era antes. Se você tomar a vida
como um todo, com todas as suas inúmeras escolhas, estamos transformando
lentamente essa parte central numa entidade celeste ou numa criatura diabólica;
em outras palavras, em uma criatura que está em harmonia com Deus, com outras
criaturas, e consigo mesma, ou então em uma criatura que está em estado de guerra
e ódio contra Deus, contra as criaturas irmãs e contra si mesmo. Ser o primeiro
tipo de criatura é um Céu; isto é, significa alegria, paz, conhecimento e
poder. Ser o segundo, significa loucura, horror, idiotice, raiva, impotência e
solidão eterna. Todos nós estamos caminhando a cada momento para um estado ou
para o outro. [...]
Lembre-se
que, como eu disse, a direção certa não leva somente a paz, mas também ao
conhecimento. Quando uma pessoa está melhorando, entende com clareza cada vez
maior o mal que ainda está nela.
Quando
está piorando, entende cada vez menos a sua própria maldade. Uma pessoa
moderadamente má sabe que não é muito boa: uma pessoa totalmente má acha-se
muito boa. Eis aí o verdadeiro senso comum. Você pode refletir sobre o sono
quando estiver acordado, mas não enquanto estiver dormindo. Poderá identificar
os erros da aritmética quando a sua mente está trabalhando de forma adequada;
quando estiver fazendo cálculos errados, não conseguirá enxergá-los. Poderá
entender a natureza da embriaguez quando estiver sóbrio, mas não, enquanto
bêbado. As pessoas boas conhecem tanto o bem quanto o mal. As pessoas más não
conhecem nenhum dos dois.
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