quinta-feira, 26 de julho de 2012

C.S. Lewis – O testemunho apostólico



Extraído do livro: Um ano com C.S. Lewis – Ed. Ultimato
Original do livro: Milagres


Nos primeiros dias do Cristianismo, um “apóstolo” era, antes e acima de tudo, alguém que afirmava ser uma testemunha ocular da ressurreição. Poucos dias depois da crucificação, quando dois candidatos foram indicados para a vaga criada pela traição de Judas, a qualificação exigida era ter conhecido Jesus pessoalmente antes e depois de sua morte, e ser capaz de oferecer evidências “de primeira mão” da ressurreição ao comunicar o evangelho a outros (At 1:22). Alguns dias depois, Pedro, pregando o seu primeiro sermão cristão, afirma o mesmo: “A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas” (At 2:32). Na primeira carta aos Coríntios, Paulo baseia a sua reivindicação ao apostolado sobre a mesma base: “Porventura, não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor?” 1Co 9:1.

Como essa auto-explicação sugere, pregar o Cristianismo significava primeiramente pregar a ressurreição. […] Este é o tema central  em todos os sermões cristãos relatados no livro de Atos. A ressurreição e suas consequências eram o “evangelho”, ou as boas novas, que os cristãos comunicavam. O que chamamos de “evangelhos”, as narrativas da vida e morte do nosso Senhor, foram escritas mais tarde para o benefício daqueles que já tinham aceitado o “evangelho”. Eles não eram a base do Cristianismo; foram escritos para  os que já eram convertidos. O milagre da ressurreição e a sua teologia vêm primeiro; a biografia vem depois, como um comentário sobre a própria ressurreição. O primeiro fato na história do Cristianismo é um grupo de pessoas que insiste em dizer que viram a ressurreição. Se elas tivessem morrido sem fazer com que os outros acreditassem nesse “evangelho”, nenhum dos dos evangelhos jamais teria sido escrito.

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