Extraído
do livro: Um ano com C. S. Lewis – Ed. Ultimato
Original
do livro: Peso de Glória
No que
diz respeito aos meus próprios pecados, é bastante segura (ainda
que incerta) a aposta de que minhas desculpas não são tão boas quanto eu
imagino; no que diz respeito aos pecados dos outros contra mim, é
seguro (ainda que incerto) apostar que suas desculpas são
melhores do que eu imagino. Por isso temos de começar por prestar atenção a
tudo que possa mostrar que o outro não merece tanta censura quanto
nós achávamos. Mas mesmo se ele se mostrar absolutamente
culpado,
continuamos tendo de perdoá-lo; e ainda que noventa e nove por
cento da sua culpa aparente possa ser
explicada por desculpas realmente convincentes, o problema
do perdão começa com aquele um por cento de culpa que ainda resta.
Desculpar
o que pode realmente ter uma boa desculpa não é caridade cristã,é apenas justiça.
Ser
cristão significa perdoar o indesculpável, porque Deus perdoou o indesculpável em
você. Isso é duro. Talvez não seja tão duro quanto perdoar uma única, porém, grande
injúria. Mas como seríamos capazes de perdoar as persistentes provocações do cotidiano
(persistir em perdoar a sogra mandona, o marido tirano, a esposa implicante, a
filha egoísta, o filho salafrário)? Só mesmo, acredito eu, colocando-nos no
nosso lugar, dizendo sinceramente o conteúdo das nossas orações noturnas:
“Perdoa os nossos pecados, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O perdão não nos é oferecido em nenhum outro
termo. Recusá-lo significa recusar a graça de Deus para nós mesmos. Não há
indícios de exceções, e Deus sabe bem do que está falando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário