Extraído do livro: Um ano com C.S.
Lewis – Ed. Ultimato
Original do livro: O Problema do
sofrimento
É bem aqui, onde a providência divina
parece à primeira vista ser mais cruel, que a
humildade divina, o rebaixamento do
Altíssimo, merece o maior louvor.
Ficamos perplexos de ver a desgraça
recaindo sobre pessoas dignas, inofensivas e decentes – sobre capazes e
esforçadas mães de família, ou diligentes e frugais e pequenos comerciantes,
sobre aqueles que se empenharam tanto e de forma tão honesta a troco do seu
modesto estoque de alegrias e agora parecem estar começando a gozá-lo com plenos
direitos.
Como eu poderia dizer o que tinha de
ser dito a esse respeito com a máxima delicadeza possível? Não me importo em
saber que eu possa parecer, aos olhos
do meus leitores mais hostis,
pessoalmente responsável por todos os sofrimentos queeu tento explicar – da mesma forma que, até os dias de hoje, todo mundo fala como se
Santo Agostinho tivesse desejado que as
criancinhas não batizadas fossem para o Inferno.
Mas faz uma grande diferença se eu
alieno qualquer pessoa da verdade. Imploro ao leitor que tente acreditar, por um
só instante, que Deus, que criou todas essas pessoas tão merecedoras, está coberto
de razão em achar que a modesta prosperidade delas e a felicidade de seus filhos
não sejam suficientes para torná-las abençoadas: que tudo isso cairá por terra
no fim dos tempos e que, se elas não tiverem aprendido a conhecê-lo, acabarão se
sentindo miseráveis.
E por isso Deus permite tormentos,
avisando-as desde já de uma insuficiência que um dia terão de descobrir por si
mesmas. A vida que vivem para si mesmas e as suas famílias se colocam (como
empecilho) entre elas e o reconhecimento da sua necessidade; Deus torna esse
tipo de vida menos doce para essas pessoas.
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