( Fonte: http://www.veja.com) pg.. 26 – 09 de maio 2012
“ Partindo do
princípio de que relações são complicadas, ter um filho (a mais incrível
experiência humana), ter de criá-lo para que seja feliz, cuidar de sua saúde,
seu desenvolvimento, dar-lhe afeto, bom ambiente, encontrar o dificílimo
equilíbrio entre vigiar ( pois quem ama cuida) e liberar (para que se
desenvolva) é tarefa gigantesca.
Que a mais simples mãe
do mundo possa realizar sem se dar conta, e na qual a mais sofisticada mãe pode
falhar de maneira estrondosa, dando-se conta disso, ou jamais pensando nisso.
Nesse universo de
contradições, pressões, exigências, variedades e ansiedade
em que andamos
metidos, qualquer tarefa fica mais difícil, que dirá a demanter concreta e emocionalmente uma família numa relação boa dentro do
possível. Os comportamentos de pais e mães se avolumam, as necessidades e
exigências de filhos e filhas se multiplicam, as ofertas se abrem como bocas
devoradoras, o stress, a pressa, a multiplicidade de tudo nos deixam pouco
tempo físico para conviver com alegria ou escutar com atenção e pouca
disponibilidade psíquica: também pais e mães estão aflitos.
Se antes o pai
chegava a casa à noite cansado, querendo jantar, ler o jornal
olhar um pouco os filhos e a mulher descansar,
hoje chegam exaustos osdois: a mãe, além disso, pela constituição biopsíquica com que a dotou a mãe
natureza ( para preservação da espécie), e pela culpa que nossa cultura lhe
impõe ( ou é uma culpa natural e inevitável), chega duplamente
sobrecarregada. Exclui aqui tarefas que parecem banais como olhar roupa,
comida, questões escolares dos filhos...
A mãe da gente é
aquela que nos controla e assim nos salva e nos atormenta;
e nos aguenta mesmo
quando estamos mal-humorados, exigentes e chatos, mastambém algumas vezes perde a calma e grita, ou chora.
Mãe da gente é aquela que nos oprime e nos alivia por estar ali; que nos
cuida, à vezes demais, e se não cuida a gente faz bobagem; é aquela que se
queixa de que lhe damos pouca bola, não ligamos para seus esforços, e, mais
tarde, de que quase não visitamos; é aquela que só dormem quando sabe que a
gente está em casa, e chegou bem; a que levanta da cama altas horas para
pegar a gente numa festa quando o pai não está ou não existe, ou já fez isso
vezes demais.
A mãe da gente é o
mais inevitável, infungível, imprescindível, amável, às vezes
exasperante e carente
ser que, seja qual for a nossa idade, cultura, país, etnia,classe social ou cultura, nos fará a mais dramática e pungente falta quando um dia
nos dermos conta de que já não temos ninguém a quem chamar “ mãe”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário