terça-feira, 12 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p21


São Paulo conclui aqui que, se nós entendemos a lei propriamente e a compreendemos da melhor maneira possível, então nós vamos ver que a sua única função é nos lembrar de nossos pecados, para nos matar por nossos pecados, e para nos tornar merecedores da ira eterna. A Consciência aprende e experimenta tudo isso em detalhes quando ela vem face a face com a lei. Segue-se, então, que nós deveríamos ter algo à mais, além e acima da lei, o qual pode fazer uma pessoa virtuosa e fazê-lo por isso ser salvo. Aqueles, entretanto, que não entendem a lei direitamente estão cegos; eles vão para seus caminhos ousadamente e acham que eles estão satisfazendo a lei com obras. Eles não sabem o quanto a lei requer, nominalmente, um coração livre, obstinado e ardente. Esta é a razão pelo que eles não vêem Moisés direitamente diante de seus olhos. [Em ambos ensinamentos Judeus e Cristãos, Moisés foi comumente tomado para ser o autor do Pentateuco, os primeiros cinco livros da Bíblia. Cf. a imagem envolvida da face de Moisés e o véu encobrindo isso em 2 Coríntios 3.7-18.] Para eles ele é coberto e escondido pelo véu.
Então São Paulo mostra como o espírito e a carne lutam contra si em uma pessoa. Ele se dá como exemplo, de maneira que, nós podemos aprender como matar o pecado dentro de nós. Ele dá tanto ao espírito e a carne o nome de "lei", de maneira que, assim como é na natureza da lei divina para guiar uma pessoa e fazer mandamentos para ele, assim também a carne guia e requer e se enfurece contra o espírito e quer ter seu próprio caminho. Da mesma maneira o espírito guia e requer contra a carne e quer ter seu próprio caminho. Esta guerra permanece dentro de nós ao longo de nossa vida, em uma pessoa mais, em outra menos, dependendo de que o espírito ou a carne seja mais forte. Ainda todo ser humano é tanto: espírito e carne. O ser humano luta com ele mesmo até que ele se torne completamente espiritual.



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