8. A Disciplina da Submissão
Esta forma de endereçar o
ensino moral aos subordinados culturais é, também, um contraste radical com a
literatura da época. Os estóicos, por
exemplo, dirigiam-se
somente à pessoa que se encontrava em elevada posição na ordem social,
incentivando-a a fazer um bom trabalho nessa posição que ela já antevia como
sua. Mas Paulo falou primeiro às pessoas que sua cultura recomendava não
dirigir-se a elas, e chamou-as para a vida de cruz de Jesus.
A seguir, as epístolas se
voltam para o parceiro culturalmente dominante no relacionamento e também o
chamam para a vida de cruz de Jesus. O imperativo da subordinação é recíproco.
“Maridos, amai a vossas esposas. ... Pais, não irriteis os vossos filhos. ...
Senhores, tratai aos servos com justiça e com eqüidade...” (Colossenses
3:19-4:1 e textos paralelos). Com toda a certeza se objetará que a ordem para o
parceiro dominante não emprega a linguagem da submissão. O que deixamos de ver
é o quanto de submissão essas ordens exigiam do parceiro dominante em seu
ambiente cultural. Para um marido, pai e senhor do primeiro século obedecer à
injunção de Paulo significaria uma dramática diferença em seu comportamento. A
esposa, o filho, o servo do primeiro século não teriam necessidade de efetuar a
mínima mudança para obedecer à ordem de Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário