domingo, 31 de maio de 2015

Mundo interior 172 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 157


7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE

Passos para a Solitude
As Disciplinas Espirituais são coisas que fazemos. Nunca devemos perder de vista esse fato. Podemos falar piedosamente acerca da “solitude do coração”, mas se isto, de certo modo, não abrir caminho para nossa experiência, então erramos o alvo das Disciplinas. Estamos lidando com ações, e não apenas com estados mentais. Não é suficiente dizer: “Bem, muito certamente estou na posse da solitude e silêncio interiores; não há nada que eu necessite fazer.” Todos quantos chegaram aos silêncios vivos fizeram determinadas coisas, ordenaram suas vidas de uma forma especial, de modo que recebessem a “paz de Deus, que excede todo o entendimento”. Se desejamos ter êxito, devemos ir além do teorético para as situações da vida.
Quais são alguns passos para a solitude? A primeira coisa que podemos fazer é tirar vantagem das “pequenas solicitudes” que enchem nosso dia. Consideremos a solitude daqueles primeiros momentos matutinos na cama, antes que a família desperte. Pense na solitude de uma xícara de café pela manhã, antes de começar o trabalho do dia. Existe a solitude de pára-choque de um carro junto ao pára-choque de outro durante a correria do tráfego na hora de mais movimento.
Pode haver poucos momentos de descanso e refrigério quando dobramos uma esquina e vemos uma flor ou uma árvore. Em vez da oração audível antes de uma refeição, considere convidar a todos para reunir-se em uns poucos momentos de silêncio.




sábado, 30 de maio de 2015

Mundo interior 171 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 156


7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE

Para concluir nossa viagem na noite escura da alma, ponderemos estas palavras poderosas de nosso mentor espiritual:
“Oh, então, alma espiritual, quando vires teus apetites obscurecidos, tuas inclinações secas e contritas, tuas faculdades incapacitadas para qualquer exercício interior, não te aflijas; pensa nisto como uma graça, visto que Deus te está liberando de ti mesma e tirando de ti a tua própria atividade.
Conquanto tuas ações possam ter alcançado bom êxito, não trabalhaste tão completa, perfeita, e seguramente - devendo à impureza e inabilidade de tais ações - como fazes agora que Deus te toma pela mão e te guia na escuridão, como se fosses cega, ao longo de um caminho e para um lugar que não conheces. Nunca terias tido êxito em alcançar este lugar, não importa quão bons sejam teus olhos e teus pés.”




sexta-feira, 29 de maio de 2015

Mundo interior 170 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 155


7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE

Que deveríamos fazer durante essa época de aflição interior? Primeiro, não leve em consideração o conselho de amigos bem-intencionados de livrar-se da situação. Eles não entendem o que está acontecendo. Nossa época é tão ignorante destas coisas que não lhe recomendo conversar sobre esses assuntos. Acima de tudo, não tente explicar nem justificar por que você parece estar “aborrecido”.
Deus é seu justificador; entregue seu caso a ele. Se você pode, realmente, retirar-se para um “lugar deserto” durante algum tempo, faça-o. Se não, cumpra suas tarefas diárias. Mas, esteja no “deserto” ou em casa, mantenha no coração um profundo, interior e atencioso silêncio - e haja silêncio até que a obra da solitude se complete.
Talvez S. João da Cruz tenha estado a conduzir-nos a águas mais profundas do que cuidássemos ir. Por certo ele não está falando de um reino que muitos de nós vemos apenas “como em espelho, obscuramente”. Não obstante, não temos necessidade de censurar-nos por nossa timidez de escalar esses picos nevados da alma. Esses assuntos são mais bem tratados com cautela. Mas talvez ele tenha provocado dentro de nós uma atração por experiências mais elevadas, mais profundas, não importa quão leve o puxão. É como abrir levemente a porta de nossa vida a este reino. Isto é tudo o que Deus pede, e tudo de que ele necessita.



quinta-feira, 28 de maio de 2015

Mundo interior 169 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 154


7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE

Não estou aqui a falar de entorpecimento espiritual que vem como resultado de pecado ou desobediência. Falo da pessoa que busca a Deus com afã, e não abriga pecado conhecido em seu coração. “Quem há entre vós que tema ao Senhor, e ouça a voz do seu Servo que andou em trevas sem nenhuma luz, e ainda assim confiou em o nome do Senhor e se firmou sobre o seu Deus?” (Isaías 50:10)
O ponto da passagem bíblica é que é perfeitamente possível temer, obedecer, confiar e firmar-se no Senhor e ainda “andar em trevas sem nenhuma luz”. A pessoa vive em obediência mas entrou numa noite escura da alma.
S. João da Cruz disse que durante esta experiência há uma graciosa proteção contra vícios e um maravilhoso progresso nas coisas do reino de Deus.
Se uma pessoa na hora dessas trevas observar bem de perto, verá com clareza quão pouco os apetites e as faculdades se distraem com coisas inúteis e prejudiciais; e como ela está segura de evitar vanglória, orgulho e presunção, alegria vazia e falsa, e muitos outros males. Pelo andar em escuridão a alma não somente evita extraviar-se mas avança rapidamente, porque assim ela adquire virtudes.



quarta-feira, 27 de maio de 2015

Mundo interior 168 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 153


7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE

Em seu poema “Canciones del Alma”, S. João da Cruz usou duas vezes a frase:
“Estando minha casa agora totalmente calada.” Nessa expressiva linha ele indicava a importância de silenciar todos os sentidos físicos, emocionais, psicológicos, e mesmo espirituais. Toda distração do corpo, mente e espírito deve ser posta numa espécie de animação suspensa antes que possa ocorrer esta profunda obra de Deus na alma. O anestésico deve fazer efeito antes que se realize a cirurgia. Virá o silêncio, a paz, a tranqüilidade interiores. Durante esse tempo de escuridão, a leitura da Bíblia, os sermões, o debate intelectual - tudo falhará em comover ou emocionar.
Quando o amoroso Deus nos atrai para uma escura noite da alma, muitas vezes somos tentados a culpar todo o mundo e todas as coisas por nosso entorpecimento interior e procuramos livrar-nos dela. O pregador é maçante. O cântico de hinos é tão fraco. Talvez comecemos a andar por aí à procura de outra igreja ou de uma experiência que nos dê “arrepios espirituais”. Esse é um grave engano.
Reconheça a noite escura pelo que ela é. Seja agradecido porque Deus o está amorosamente desviando de toda distração, de modo que você possa vê-lo. Em vez de ridicularizar e brigar, acalme-se e espere.



terça-feira, 26 de maio de 2015

Mundo interior 167 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 152

7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE

Como se expressa essa noite escura na vida diária? Quando se busca seriamente a solitude, geralmente há um fluxo de êxito inicial e então um desânimo inevitável - e com ele um desejo de abandonar por completo a busca. Os sentimentos vão-se embora e fica o senso de que não alcançamos Deus. S. João da Cruz descreveu-o deste modo:
“... a escuridão da alma mencionada aqui... põe os apetites sensórios e espirituais a dormir, amortece-os e os priva da capacidade de encontrar prazer em qualquer coisa. Ata a imaginação e impede-a de fazer qualquer bom trabalho discursivo. Ela faz cessar a memória, faz o intelecto tornar-se obscuro e incapaz de entender qualquer coisa, e daí leva a vontade também a tornar-se árida e contrita, e todas as faculdades vazias e inúteis. E acima de tudo isso, paira uma densa e cansativa nuvem que aflige a alma e a conserva afastada de Deus.”





segunda-feira, 25 de maio de 2015

Mundo interior 166 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 151

7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE

A Noite Escura da Alma
Levar a sério a Disciplina da solitude significará que em algum ponto ou pontos no curso da peregrinação entraremos no que S. João da Cruz vividamente descreveu como “a noite escura da alma”. A “noite escura” para a qual ele nos chama não é algo mau ou destrutivo. Pelo contrário, é uma experiência a ser recebida com agrado do mesmo modo que uma pessoa enferma receberia com agrado uma cirurgia que promete saúde e bem-estar. A finalidade da escuridão não é castigar-nos ou afligir-nos. É libertar-nos.
Que significa entrar na noite escura da alma? Pode ser um senso de aridez, de depressão, até mesmo o de sentir-se perdido. Ela nos despoja da dependência excessiva à vida emocional. A noção, tantas vezes ouvida hoje, de que tais experiências podem ser evitadas e que devíamos viver em paz e conforto, alegria e celebração só revela o fato de que muito da experiência contemporânea não passa de sentimentalismo superficial. A noite escura é um dos meios de Deus levar-nos à tranqüilidade, à calma, de modo que ele possa operar a transformação interior da alma.





domingo, 24 de maio de 2015

Mundo interior 165 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 150

7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE

A língua é um termômetro: ela diz qual é nossa temperatura espiritual. Ela é, também, um termostato; controla nossa temperatura espiritual. O controle da língua pode significar tudo. Temos nós sido libertados de modo que podemos controlar nossa língua? Bonhoeffer escreveu: “O silêncio verdadeiro, a verdadeira tranqüilidade, o controle real da língua manifesta-se somente como a sóbria conseqüência da chama espiritual.”  Relata-se que Dominic fez uma visita a Francisco de Assis e durante todo o encontro nenhum deles proferiu uma única palavra. Somente quando tivermos aprendido a estar verdadeiramente calados é que estaremos capacitados para proferir a palavra necessária no momento oportuno.
Catherine de Haeck Doherty escreveu: “Tudo em mim é silente... estou imersa no silêncio de Deus.” É na solitude que chegamos a experimentar o “silêncio de Deus” e assim receber o silêncio interior que é o anseio de nosso coração.




sábado, 23 de maio de 2015

Mundo interior 164 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 149

7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE

Um dos frutos do silêncio é a liberdade de deixar que nossa justificação fique inteiramente com Deus. Não temos necessidade de corrigir os outros. Há uma história de um monge medieval que estava sendo injustamente acusado de certos erros. Certo dia ele olhava pela janela e viu lá fora um cachorro a morder e rasgar um tapete que havia sido pendurado para secar. Enquanto ele observava, o Senhor falou-lhe, dizendo: “É isso que estou fazendo com a sua reputação. Mas se você confiar em mim, não terá necessidade de preocupar-se com as opiniões dos outros.” Talvez, mais do que qualquer outra coisa, o silêncio leva-nos a crer que Deus pode justificar e endireitar tudo.
George Fox falava com freqüência do “espírito de escravidão” (Romanos 8:14), e de como o mundo jaz nesse espírito. Freqüentemente ele identificava o espírito de escravidão com o espírito de subserviência a outros seres humanos. Em seu Diário ele falava de “ajudar as pessoas a escapar dos homens”, afastá-las do espírito de escravidão à lei mediante outros seres humanos. O silêncio é o principal meio de conduzir-nos a esse livramento.





sexta-feira, 22 de maio de 2015

Mundo interior 163 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 148

7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE3

Um motivo de quase não aguentarmos permanecer em silêncio é que ele nos faz sentir tão desamparados. Estamos demais acostumados a depender das palavras para manobrar e controlar os outros. Se estivermos em silêncio, quem assumirá o controle? Deus fará isto; mas nunca deixaremos que ele assuma o controle enquanto não confiarmos nele. O silêncio está intimamente relacionado com a confiança.
A língua é nossa mais poderosa arma de manipulação. Uma frenética torrente de palavras flui de nós porque estamos num constante processo de ajustar nossa imagem pública. Tememos muito o que pensamos que as outras pessoas vêem em nós, de modo que falamos a fim de corrigir o entendimento delas. Se fiz alguma coisa errada e descubro que você sabe disso, serei muito tentado a ajudá-lo a entender minha ação! O silêncio é uma das mais profundas Disciplinas do Espírito simplesmente porque ela põe um paradeiro nisso.




quinta-feira, 21 de maio de 2015

Mundo interior 162 - Livro: Celebração da Disciplina – mens. 147

7. A DISCIPLINA DA SOLITUDE

O Diário de John Woolman contém um comovente e terno relato da aprendizagem do controle da língua. Suas palavras são tão expressivas que é melhor citá-las aqui:
“Eu ia a reuniões num terrível estado mental, e me esforçava por estar interiormente familiarizado com a linguagem do verdadeiro Pastor. Um dia, encontrando-me sob forte operação do espírito, levantei-me e disse algumas palavras numa reunião; mas não me mantendo junto à abertura Divina, falei mais do que era exigido de mim. Percebendo logo meu erro, fiquei com a mente aflita algumas semanas, sem nenhuma luz ou consolo, ao ponto mesmo de não encontrar satisfação em nada. Lembrava-me de Deus, e ficava perturbado, e no auge de minha tristeza ele teve piedade de mim e enviou o Consolador. Então senti o perdão de minha ofensa; minha mente ficou calma e tranqüila, e senti-me verdadeiramente grato ao meu gracioso Redentor por suas misericórdias. Cerca de seis meses após este incidente, sentindo aberta a fonte de amor Divino, e interesse por falar, proferi umas poucas palavras em uma reunião, nas quais encontrei paz. Sendo assim humilhado e disciplinado sob a cruz, minha compreensão tornou-se mais fortalecida para distinguir o espírito puro que interiormente se move sobre o coração, que me ensinou a esperar em silêncio, às vezes durante muitas semanas, até que senti aquele fluxo que prepara a criatura para posicionar-se como uma trombeta, através da qual o Senhor fala ao seu rebanho.”
Que descrição do processo de aprendizado pelo qual se passa na Disciplina do silêncio! De particular significado foi o aumento de sua capacidade, proveniente desta experiência, de “distinguir o espírito puro que interiormente se move sobre o coração”.






quarta-feira, 20 de maio de 2015

Marcas do cristão 47- Consolar, Animar


Como é bom saber que temos irmãos, que podemos estar presentes um na vida do outro.
Como é bom não estar sozinho sabendo que podemos nos consolar e dar ânimo uns aos outros em Cristo!

2 Coríntios 1:4-5
Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.
Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo.

1 Tessalonicenses 4:18
Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras

De forma que quem comete erros possam ser perdoados e consolados, para que tenham apoio e continuar adiante.
2 Coríntios 2:7
De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza.

Romanos 12:8
Se é dar ânimo, que assim faça;




terça-feira, 19 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p28


O último capítulo consiste em saudações. Mas Paulo também inclui uma saudável advertência contra as doutrinas humanas as quais são pregadas ao lado do Evangelho e que fazem uma grande distribuição de danos. É como se ele tivesse claramente visto que por causa de Roma e através dos romanos viria os livros Canônicos e Decretos distorcidos e destruidores com todos agrupamentos e colônias de leis humanas e mandamentos que está agora afogando todo o mundo e tem rasurado esta carta e todas as Escrituras, também o Espírito e a fé. Nada sobra exceto o ídolo do Ventre {idol Belly, Belly=abdômen}, e São Paulo descreve em palavras aquelas pessoas aqui como servos de seus próprios ventres. Deus nos resgata deles. Amem.

Nós achamos dentro desta carta, então, o ensinamento mais rico possível sobre o que um Cristão deva conhecer: o significado da lei, Evangelho, pecado, punição, graça, fé, justiça, Cristo, Deus, boas obras, amor, esperança e a cruz. Nós aprendemos como nós estamos prontos para atuar a favor de todos, a favor do virtuoso e do pecador, a favor do forte e do fraco, dos amigos e inimigos, e a favor de nós mesmos. Paulo baseia tudo firmemente na Escritura e prova seus pontos com exemplos de sua própria experiência e dos Profetas, de maneira que nada mais possa ser desejado. Por esta razão parece que São Paulo, ao escrever esta carta, quis compor um sumário de tudo do ensinamento Cristão e evangélico o qual poderia também ser uma introdução para todo o Velho Testamento. Sem dúvida, seja quem for que pegue esta carta para possuir de coração a luz e o poder do Velho Testamento. Por esta razão cada e todos os Cristãos devem fazer desta carta o objeto habitual e constante de seu estudo. Deus nos garante sua graça para fazer assim. Amém.

Esta tradução foi feita {em inglês} pelo irmão Andrew Thornton, OSB, para o Programa Humanitário do Colégio Saint Anselm. (c) 1983 pela Comunidade Saint Anselm. Esta tradução pode ser usada livremente com a própria atribuição. Tradução em Português pelo missionário Márcio Santos de Souza.
www.monergismo.com

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p27


No capítulo 15, São Paulo menciona Cristo como um exemplo para mostrar que nós devemos também ter paciência com o fraco, mesmo com aqueles que falham por pecar publicamente ou por sua moral repugnadas. Nós não devemos expulsá-los mas devemos conduzi-los até que eles se tornem melhores. Esse é o caminho com que Cristo nos tratou e ainda nos trata todos os dias; ele conduz pacientemente com nossas imperfeições, nossa moral enfraquecida e todas as nossas imperfeições, e ele nos ajuda incessantemente. Finalmente Paulo ora pelos Cristãos em Roma; ele os elogia e os recomenda a Deus. Ele aponta seu próprio ministério e a mensagem que ele prega. Ele faz uma discreta súplica por uma contribuição para os pobres em Jerusalém. Amor puro é a base de tudo que ele diz e faz.


domingo, 17 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p26


No capítulo 14, São Paulo ensina que devemos cuidadosamente guiar aqueles com a consciência fraca e poupá-los. Não devemos usar a liberdade Cristã para prejudicar mas melhor ainda para ajudar o fraco. Onde isso não é feito, segue-se a dissensão e desprezo ao Evangelho, no qual tudo mais depende. É melhor conceder caminho um pouco para os fracos na fé até que eles se tornem mais forte, do que ter o ensinamento do Evangelho perecer completamente. Esta obra é uma obra particularmente necessária de amor especialmente agora quando as pessoas, por comer carne e por outras liberdades, são atrevidos, ousados e estão desnecessariamente abalando suas consciências fracas o qual ainda não tem vindo a conhecer a verdade.



sábado, 16 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p25


No capítulo 13, São Paulo ensina que devemos honrar e obedecer às autoridades seculares. Ele inclui isto, não porque isso faz as pessoas virtuosas à vista de Deus, mas porque isso realmente garante que o virtuoso tem paz externa e proteção e que o perverso não pode fazer o mal sem temor e numa paz sem perturbação. Por esta razão isto é o dever de uma pessoa virtuosa em honrar a autoridade secular, mesmo que, rigorosamente falando, eles não precisam disso. Finalmente, São Paulo resume tudo em amor e ajunta tudo isso no exemplo de Cristo: o que ele tem feito por nós, nós devemos também fazer e seguí-lo.



sexta-feira, 15 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p24


No capítulo 12, São Paulo ensina a verdadeira liturgia e faz a todos os cristãos sacerdotes, de maneira que eles possam oferecer, não dinheiro ou gado, como os sacerdotes fazem na Lei, mas os seus próprios corpos, por colocar seus desejos para a morte. Adiante, ele descreve a conduta externa de Cristãos cujas vidas são governadas pelo Espírito; ele fala como eles ensinam, pregam, ordenam, servem, dão, sofrem, amam, vivem e atuam para os amigos, inimigos e a todos. Estas são as obras que um Cristão faz, pelo que, como eu tenho dito, fé não é negligência.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p23


Nos capítulos 9, 10 e 11, São Paulo nos ensina sobre a eterna providência de Deus. É a fonte original que determina quem deveria acreditar ou não, quem poderia ser livre do pecado e quem não pode. Tais assuntos têm sido lançados fora de nossas mãos e são colocadas nas mãos de Deus de maneira que nós devamos nos tornar virtuosos. É absolutamente necessário que isso seja assim, pelo que nós somos tão fracos e incertos de nós mesmos que, se isso dependesse de nós, nenhum ser humano seria salvo. O diabo nos venceria a todos nós. Mas Deus está resoluto; Sua providência não falhará, e ninguém pode impedir sua realização. Por esta razão nós temos esperança contra o pecado.
Mas aqui nós devemos tapar a boca daqueles espíritos sacrílegos e arrogantes que, simples iniciantes como eles são, trazem suas razões para tolerar este assunto e doutorar-se, de suas posições exaltadas, para provar o abismo da providência divina e inutilmente se perturbam sobre tanto se eles são predestinados ou não. Estas pessoas devem com certeza se precipitar para as suas ruínas, desde que eles tanto se desesperarão ou abandonarão a eles mesmos para uma vida de probabilidades.
Você, entretanto, deve seguir o raciocínio desta carta na ordem em que é apresentada. Fixe sua atenção, primeiro que tudo, no Evangelho de Cristo, de maneira que você possa reconhecer seu pecado e a Sua graça. Então lute contra o pecado, como o capítulo 1-8 tem lhe ensinado a fazer. Finalmente, quando você tem chegado, no capítulo 8, debaixo da sombra da cruz e da dor {sofrimento}, eles lhe ensinarão, nos capítulos 9-11, sobre a providência e que conforto ela é. [O contexto aqui e na carta de São Paulo se faz claro que isto é a cruz e a paixão, não somente de Cristo, mas de cada cristão.] Longe do sofrimento, da cruz e das angústias da morte, você não pode lidar com a providência sem dano para você mesmo e sem ira secreta contra Deus. O velho Adão deve estar quase morto antes que você possa suportar este assunto e beber este vinho forte. Por esta razão tenha certeza de que você não beba vinho enquanto você ainda é um bebê de peito. Há uma medida adequada, hora e idade para entendimento de toda doutrina.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p22


No capítulo 8, São Paulo conforta os tais lutadores dizendo para eles que esta carne não pode trazer condenação. Ele vai adiante para mostrar o que a natureza da carne e do espírito são. Espírito, ele diz, vem de Cristo, o qual nos deu seu Espírito Santo; o Espírito Santo nos faz espiritual e reprime a carne. O Espírito Santo nos assegura que nós somos filhos de Deus não importa tão furiosamente o pecado possa assolar dentro de nós, tão longo nós seguimos o Espírito e lutamos contra o pecado para matá-lo. Porque nada é tão efetivo em mortificar a carne como a cruz e o sofrimento, Paulo nos conforta em nosso sofrimento. Ele diz que o Espírito, [cf. nota anterior sobre o significado do "espírito".] o amor e todas as criaturas serão levantadas por nós; o Espírito dentro de nós geme e todas as criaturas junto conosco em que nós sejamos libertados da carne e do pecado. Assim nós vemos que estes três capítulos, 6, 7 e 8, todos lidam com a obra da fé, o qual está para matar o velho Adão e para reprimir a carne.


terça-feira, 12 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p21


São Paulo conclui aqui que, se nós entendemos a lei propriamente e a compreendemos da melhor maneira possível, então nós vamos ver que a sua única função é nos lembrar de nossos pecados, para nos matar por nossos pecados, e para nos tornar merecedores da ira eterna. A Consciência aprende e experimenta tudo isso em detalhes quando ela vem face a face com a lei. Segue-se, então, que nós deveríamos ter algo à mais, além e acima da lei, o qual pode fazer uma pessoa virtuosa e fazê-lo por isso ser salvo. Aqueles, entretanto, que não entendem a lei direitamente estão cegos; eles vão para seus caminhos ousadamente e acham que eles estão satisfazendo a lei com obras. Eles não sabem o quanto a lei requer, nominalmente, um coração livre, obstinado e ardente. Esta é a razão pelo que eles não vêem Moisés direitamente diante de seus olhos. [Em ambos ensinamentos Judeus e Cristãos, Moisés foi comumente tomado para ser o autor do Pentateuco, os primeiros cinco livros da Bíblia. Cf. a imagem envolvida da face de Moisés e o véu encobrindo isso em 2 Coríntios 3.7-18.] Para eles ele é coberto e escondido pelo véu.
Então São Paulo mostra como o espírito e a carne lutam contra si em uma pessoa. Ele se dá como exemplo, de maneira que, nós podemos aprender como matar o pecado dentro de nós. Ele dá tanto ao espírito e a carne o nome de "lei", de maneira que, assim como é na natureza da lei divina para guiar uma pessoa e fazer mandamentos para ele, assim também a carne guia e requer e se enfurece contra o espírito e quer ter seu próprio caminho. Da mesma maneira o espírito guia e requer contra a carne e quer ter seu próprio caminho. Esta guerra permanece dentro de nós ao longo de nossa vida, em uma pessoa mais, em outra menos, dependendo de que o espírito ou a carne seja mais forte. Ainda todo ser humano é tanto: espírito e carne. O ser humano luta com ele mesmo até que ele se torne completamente espiritual.



segunda-feira, 11 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p20


No capítulo 7, São Paulo confirma o precedente por uma analogia desenhada pela vida conjugal. Quando um homem morre, a esposa está livre; aquele está livre e limpo do outro. Não é o caso em que uma mulher não possa ou não deveria casar com outro homem; melhor ainda ela está agora pela primeira vez livre para casar com qualquer outro. Ela não poderia fazer isso antes de ela ser livre de seu primeiro marido. No mesmo caminho, nossa consciência está ligada à lei tão longo quanto nossa condição é aquela do pecado do antigo homem. Mas quando o velho homem é morto pelo espírito, então a consciência é livre, e consciência e lei estão livres uma da outra. Não aquela consciência deveria agora fazer nada; mais ainda, ela deveria agora pela primeira vez verdadeiramente unir-se ao seu segundo marido, Cristo, e dar à luz o fruto da vida.
Mais adiante São Paulo esquematiza mais a natureza do pecado e a lei. É a lei que faz o pecado realmente ativa e poderosamente, porque o homem velho se torna mais e mais inimigo da lei desde que ele não possa pagar o débito requerido pela lei. O pecado é a sua inteira natureza; dele mesmo ele não pode fazer nada. É assim como a lei é a sua morte e tortura. Agora a lei não é má por ela mesma; é a nossa natureza má que não pode tolerar que a boa lei devesse requerer o bem disso. É como o caso de uma pessoa doente, o qual não pode tolerar que você o requeira que ele corra e pule e faça outras coisas que uma pessoa saudável faz.



domingo, 10 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p19


Isto é a verdadeira liberdade sobre o pecado e sobre a lei; São Paulo escreve sobre isso no resto do capítulo. Ele diz que isto é uma liberdade apenas para fazer o bem com obstinação e para viver uma vida boa sem a obrigação da lei. Esta liberdade é, por esta razão, uma liberdade espiritual a qual não suspende a lei mas a qual supre o que a lei requer, nominalmente o ardor e amor. Essas coisas silenciam a lei de maneira que ela não tem mais nenhuma causa para dirigir as pessoas e fazer requerimentos deles. Isto é como se você devesse alguma coisa a um agiota e não pudesse pagá-lo. Você pode se livrar dele de uma das duas maneiras: ou ele não levaria nada de você e rasgar seu livro de contas, ou um homem piedoso o pagaria para você e daria a você o que você precisasse para saldar a sua dívida. Isso é exatamente como Cristo nos livra da lei. Por esta razão nossa liberdade não é uma liberdade selvagem, carnal que não tem obrigação para fazer nada. Ao contrário, é uma liberdade que faz um grande negócio, sem dúvida de tudo, ainda está livre dos mandamentos da lei e dívidas.


sábado, 9 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p18


No capítulo 6, São Paulo levanta a obra especial da fé, a luta em que o espírito peleja contra a carne para matar aqueles pecados e desejos que permanecem naquelas pessoas que foram tornadas justas. Ele nos ensina que a fé não nos liberta do pecado a ponto de sermos negligente, preguiçosos e auto confiantes, como se não houvesse mais pecado em nós. O pecado está lá, mas, por causa da fé que luta contra ele, Deus não considera o pecado como merecendo condenação. Por isso nós temos em nosso próprio ser uma vida de obras para nós; nós devemos temer nosso corpo, matar suas luxurias, forçar os seus membros a obedecer ao espírito e não às luxurias. Nós devemos fazer isto de maneira que nós nos conformemos à morte e à ressurreição de Cristo e completar nosso Batismo, o qual significa uma morte para o pecado e uma nova vida de graça. Nosso objetivo é ser completamente limpos do pecado e então ressuscitar corporalmente com Cristo e viver para sempre.
São Paulo diz que nós podemos executar tudo isso porque nós estamos na graça e não na lei. Ele explica que estar "fora da lei" não é o mesmo como não tendo lei e sendo capaz de fazer o que você desejar. Não, estar "debaixo da lei" significa viver sem a graça, rendido pelas obras da lei. Então certamente o pecado reina pelos significados da lei, desde que ninguém é naturalmente bem disposto para a lei. Toda esta condição, entretanto, é o maior dos pecados. Mas a graça torna a lei amável para nós, de maneira que então não há mais pecado, e a lei não é mais contra nós, mas é por nós.



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p17


No capítulo 5, São Paulo vem para os frutos e obras da fé, nominalmente, gozo, paz, amor por Deus e por todas as pessoas; em acréscimo: convicção, firmeza, confiança, coragem, e esperança através da aflição e sofrimento. Tudo isso segue onde a fé é genuína, por causa da superabundância da boa vontade em que Deus mostrou em Cristo; ele tem morrido por nós antes que nós pudéssemos pedi-lo por isso, sim, mesmo que nós tenhamos sido seus inimigos. Assim nós temos estabelecido que a fé, sem qualquer boa obra, nos faz justos. Não se segue, entretanto, que não devemos fazer boas obras; preferencialmente significa que obras moralmente honestas não permanece em falta. Sobre tais obras, sobre as "sagradas obras" as pessoas não sabem nada; eles inventam para eles mesmos suas próprias obras no qual não há nem a paz, nem o regozijo, nem convicção, nem amor, nem esperança, nem firmeza, nem qualquer tipo de obras Cristãs genuínas ou fé.
Após São Paulo faz um desvio, uma agradável pequena viagem, e relatos onde ambos o pecado e a justiça, a morte e a vida procedem. Ele faz uma oposição destes dois: Adão e Cristo. O que ele quer dizer é que Cristo, um segundo Adão, teve que vir para nos fazer herdeiros de sua justiça através de um novo nascimento na fé, justamente como o velho Adão nos fez herdeiros do pecado através do antigo nascimento da carne.
São Paulo prova, por este raciocínio, que uma pessoa não pode se ajudar a si mesmo pelas suas obras a sair do pecado para a justiça não mais que ele possa se prevenir de seu próprio nascimento físico. São Paulo também prova que a lei divina, o qual deveria ter sido bem adaptada, como se alguma coisa foi, em ajudar as pessoas a obter justiça, não somente não houve ajuda quando ela veio, mas ela ainda aumentou o pecado. A má natureza humana, consequentemente, se torna mais inimigo a isso; quanto mais a lei proíbe ela satisfazer seu próprio desejo, quanto mais ela quer fazer isso. Assim a lei torna a Cristo o todo maior necessário e demanda mais graça para ajudar a natureza humana.



quinta-feira, 7 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p16


São Paulo verifica seus ensinamentos na fé no capítulo 3 com um exemplo poderoso da Escritura. Ele chama de testemunha Davi, que diz no Salmo 32 que uma pessoa se torna justo sem as obras mas não permanece sem obras uma vez que ele se tornou justo. Então Paulo estende seu exemplo e o aplica contra todas as obras da lei. Ele conclui que os Judeus não podem ser herdeiros de Abraão somente por causa de seu parentesco de sangue com ele e ainda menos por causa das obras da lei. Mais ainda, preferencialmente eles devem herdar a fé de Abraão se eles quiserem ser seus reais herdeiros, desde que isso foi antecedente para a Lei de Moisés e da lei da circuncisão de que Abraão se tornou justo através da fé e foi chamado de um pai dos crentes. São Paulo acrescenta que a lei traz mais ira do que graça, porque ninguém a obedece com amor e obstinação. Mais desgraça que graça vem por causa das obras da lei. Por esta razão a fé sozinha pode obter a graça prometida a Abraão. Exemplos como esses estão escritos para nosso benefício, de que nós também devemos ter fé.



quarta-feira, 6 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p15


Nos capítulos 1 até 3, São Paulo tem revelado o pecado pelo que é e tem ensinado o caminho da fé o qual conduz à justiça. Agora, no Capítulo 4 ele lida com algumas objeções e críticas. Ele se dedica primeiro àquele que as pessoas levantam que, ouvindo que a fé faz justiça sem obras, diz, "O quê? Não devemos fazer nenhuma boa obra?" Aqui São Paulo levanta Abraão como exemplo, Ele diz, " O que Abraão realiza com suas boas obras? Foram todas elas boas para nada e sem uso?" Ele conclui que Abraão foi feito justo separadamente de todas suas obras através da fé sozinha (cf. Gênesis 15). Agora se a obra de sua circuncisão não fez nada para fazê-lo justo, uma obra que Deus tinha mandado ele fazer e em consequência uma obra de obediência, então certamente nenhuma outra boa obra pode fazer qualquer coisa para fazer uma pessoa justa. Mesmo como a circuncisão de Abraão foi um sinal externo com o qual ele provou sua justiça baseada na fé, assim também todas as boas obras são sinais externos que procedem da fé e são os frutos da fé; eles provam que a pessoa já é internamente justa aos olhos de Deus.


terça-feira, 5 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p14


No capítulo 3, Paulo atura ambos os públicos e os pecados secretos juntos: um, ele diz, é como o outro, todos são pecadores à vista de Deus. Ao lado, os Judeus tiveram a Palavra de Deus, mesmo que muitos não acreditaram nela. Mas ainda a verdade de Deus e a fé nele não são por essa razão devolvidas sem uso. São Paulo introduz, como de um lado, os dizeres do Salmo 51, em que Deus permanece a verdade em suas palavras. Então ele retorna ao seu tópico e prova baseado na Escritura que eles são todos pecadores e que ninguém se torna justo através das obras da lei mas que Deus entregou a lei somente para que o pecado possa ser percebido.
Após São Paulo ensina o caminho certo para ser virtuoso e ser salvo; ele diz que todos eles são pecadores, incapazes{destituídos} da glória de Deus. Eles devem, entretanto, serem justificados através da fé em Cristo, que tem recebido o mérito para nós através do sangue e tem se tornado a nós uma base de misericórdia [cf. Êxodo 25:17, Levítico 16:14 em diante, e João 2:2] na presença de Deus, o qual nos perdoa todos os nossos pecados anteriores. Fazendo assim, Deus prova que isso é sua justiça sozinha, o qual ele dá através da fé, que nos ajuda, a justiça a qual foi revelada no tempo escolhido através do Evangelho e, previamente a isso, foi testemunhada pela Lei e os Profetas. Por esta razão, a lei é estabelecida pela fé, mas as obras da lei, junto com a glória observada neles, são destruídas pela fé. [Com o termo "espírito", a palavra "lei" parece ser para Lutero, e para São Paulo, dois significados. Algumas vezes parece significar "regulamentos sobre o que deve e o que não deve ser feito", como no terceiro parágrafo deste prefácio; algumas vezes parece significar o "Torah", como na sentença anterior. E algumas vezes parece significar ter ambos os significados, como se segue.]


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p13


Ele diz que, através do Evangelho, Deus está revelando sua ira lá do céu sobre toda espécie humana por causa da vida sem Deus e injusta que eles vivem. Assim, apesar deles saberem e reconhecerem dia após dia que há um Deus, ainda a natureza humana nela própria, sem a graça, é tão má que ela nem agradece muito menos honra a Deus. Esta natureza cega ela própria e continuamente cai em imoralidade, mesmo indo mais longe cometendo idolatria e outros pecados horríveis e imperfeições. Ela está sem vergonha dela própria e deixa tais coisas sem punição nas outras.
No capítulo 2, São Paulo estende sua rejeição àqueles que aparentam exteriormente piedosos ou quem peca secretamente. Assim eram os judeus, e assim são todos os hipócritas ainda, quem vive vidas virtuosas mas sem obstinação e sem amor; em seus corações eles são inimigos das leis de Deus e gostam de julgar outras pessoas. Este é o caminho da hipocrisia: eles pensam que são puros mas são atualmente cheios de gula, ódio, soberba e toda sorte de sujeira (Cf Mateus 23). Estes são aqueles que desprezam a bondade de Deus e, pela dureza de seus corações, acrescenta ira sobre eles. Assim Paulo explica a lei corretamente onde ele não deixa ninguém permanecer sem pecado mas proclama a ira de Deus a todos que querem viver virtuosamente pela natureza ou pela vontade própria. Ele faz eles se tornarem não melhores do que pecadores públicos; ele diz que eles são duros de coração e sem arrependimento.



domingo, 3 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p12


A menos que você entenda estas palavras desta maneira, você nunca entenderá nem esta carta de São Paulo nem o livro das Escrituras. Esteja atento, por isso, contra os professores que usam estas palavras diferentemente, não importa quem ele seja, seja Jerônimo, Agostinho, Ambrose, Origen ou qualquer outro tão grande como grande eles são. Agora vamos voltar para a carta ela mesmo.
A primeira dívida de um pregador do Evangelho é, através de sua revelação da lei e do pecado, considerar e transformar em pecado tudo na vida que não tem o Espírito e a fé em Cristo como sua base. [Aqui e em qualquer lugar no prefácio de Lutero, como você percebe em Romanos, não está claro tanto se o "espírito" tem o significado de "Espírito Santo" ou "homem espiritual", como Lutero tem previamente definido isso.] Desta maneira, ele levará as pessoas para um reconhecimento de sua miserável condição, e assim eles se tornarão humildes e afligir-se por ajuda. Isto é o que São Paulo faz. Ele começa no capítulo 1 por censurar os mais bárbaros pecados e a incredulidade que estão à vista, como eram (e ainda são) os pecados dos pagãos, que vivem sem a graça de Deus.



sábado, 2 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p11


Você não deve entender carne aqui como denotando somente lascívia ou espírito como denotando somente a parte interior do coração. Aqui São Paulo chama a carne (como faz Cristo em João 3) tudo que nasceu da carne, i.e. todo ser humano com corpo e alma, razão e sentidos, desde que tudo dentro dele se inclina para a carne. Isto é o porquê você deveria saber o suficiente para chamar aquela pessoa de "carnal" quem, sem a graça, fabrica, ensina e tagarela sobre assuntos altamente espirituais. Você pode aprender a mesma coisa em Gálatas, capítulo 5, onde São Paulo chama a heresia e obras odiadas da carne. E em Romanos, capítulo 8, ele diz que, através da carne, a lei é enfraquecida. Ele diz isso, não da lascívia, mas de todos pecados, muitos deles da incredulidade, o qual é o mais espiritual dos defeitos.
Do outro lado, você deve saber o suficiente para chamar aquela pessoa "espiritual" que está ocupada com as mais superficiais obras como foi Cristo, quando ele lavou os pés dos discípulos, e Pedro, quando ele conduziu seu barco e pescou. Então assim, uma pessoa é "carne" quando, de uma internamente ou externamente, vive somente para fazer aquelas coisas que são de uso da carne e para a existência temporária. Uma pessoa é "espiritual" quem, internamente ou externamente, vive somente para fazer aquelas coisas que são de uso do espírito e para a vida porvir.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p10


Agora justiça é justamente uma fé assim. É chamada de justiça de Deus ou aquela justiça a qual é válida aos olhos de Deus, porque é Deus quem a dá e a considera como justiça pelo benefício de Cristo nosso Mediador. Ela influencia uma pessoa para dar a todos o que ele está devendo. Através da fé uma pessoa se torna sem pecado e obstinado pelos mandamentos de Deus. Assim ele dá a Deus a honra pertencente a Ele e paga a Ele o que está devendo. Ele serve às pessoas espontaneamente com os meios disponíveis a ele. Neste caminho ele paga a todos sua dívida. Nem a natureza, nem o desejo livre, nem as nossas próprias forças podem nos trazer tal justiça, da maneira como ninguém pode dar a si próprio fé, então também ele não pode remover a incredulidade. Como ele pode jogar fora mesmo o menor dos pecados? Por esta razão, tudo que toma lugar fora da fé ou da incredulidade é mentira, hipocrisia e pecado (Romanos 14), não importa como mansamente isto parece prosseguir.