sábado, 25 de abril de 2015

Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos, por Martinho Lutero p4


No capítulo 7, São Paulo diz, "A lei é espiritual." O que isso significa? Se a lei fosse física, então ela poderia ser satisfeita com obras, mas desde que ela é espiritual, ninguém pode satisfaze-la a menos que tudo que ele faça jorre do profundo do coração. Mas ninguém pode dar um coração assim exceto o Espírito de Deus, o qual faz a pessoa ser de acordo com {ou como} a lei, assim que ele atualmente concebe um coração com o sentimento ardente pela lei e a partir daí {de hoje em diante} faz tudo, não através do medo e da força, mas de um coração espontâneo. Tal lei é espiritual desde que ela possa ser amada e cumprida por um tal coração e por um tal espírito espontâneo como esse. Se o Espírito não está no coração, então permanece o pecado, com aversão e inimizade contra a lei, o que nela própria é boa, justa e santa.
Você deve se atualizar da ideia de que uma coisa é fazer as obras da lei e outra coisa é cumpri-la. As obras da lei são todas as coisas que uma pessoa faz ou pode fazer de sua própria disposição espontânea e pelas suas próprias forças em obedecer a lei. Mas porque em fazer tais obras o coração detesta a lei e ainda é forçado a obedecê-la, as obras são uma total perca e são completamente inúteis {sem uso}. Isto é o que São Paulo quer dizer no Capítulo 3 quando diz, "Nenhum ser humano é justificado diante de Deus através das obras da lei." Através disso você pode ver que os mestres [i.e., os teólogos] e sofistas são sedutores quando eles ensinam que você pode se preparar para a graça através das obras. Como pode qualquer pessoa se preparar a si próprio para o bem por meio das obras se ele não faz nenhuma boa obra exceto com aversão e constrangimento em seu coração? Como pode tal obra agradar a Deus, se isso procede de um coração oposto e sem desejo ardente? {desejo ardente-unwilling=sem a força da mente em direcionar seus pensamentos e ações e influenciar a outros neste sentido.}




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