segunda-feira, 13 de abril de 2020

BIBLIA EM ORDEM CRONOLOGICA - VT - 2-A Queda

BIBLIA EM ORDEM CRONOLOGICA - VT - 2-A Queda
Introdução aos livros citados

1 Crônicas
Segundo a tradição judaica, o livro de 1ª Crônicas foi escrito por Esdras com o objetivo de resgatar a história do seu povo, descrevendo os acontecimentos históricos em ordem cronológica. Esse resgate da história seria um meio de voltar aos ensinamentos e adoração a Deus após o tempo em que o povo passou no cativeiro na Babilônia.
Ao longo dos 29 capítulos, conhecemos a genealogia do povo de Israel, desde Adão até os descendentes de Saul. Acompanhamos também a história da ascensão de Davi ao reino e todo o seu reinado em Israel.
Durante o seu reinado, Davi conquista Jerusalém, antes ocupada pelos jebuseus, tornando-a capital. O rei decide construir um templo para o Senhor após levar a arca da aliança para Jerusalém, mas é alertado pelo profeta Natã de que o templo deveria ser construído por Salomão, filho de Davi, após a morte do rei.
Portanto, neste livro acompanhamos a genealogia do povo de Israel e a tentativa de fazer com que o povo, que estava voltando para Israel após o período de exílio na Babilônia, compreendesse a importância de adorar a Deus.
Além disso, relembramos a história de Davi, dos seus quarenta anos de reinado e a sucessão do reino para o seu filho Salomão após a sua morte.


A queda do homem e suas consequências
1 A tentaçao e a queda

Gênesis 3:1-7
1 Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito. E ela perguntou à mulher: "Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’? "
2 Respondeu a mulher à serpente: "Podemos comer do fruto das árvores do jardim,
3 mas Deus disse: ‘Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’ ".
4 Disse a serpente à mulher: "Certamente não morrerão!
5 Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal".
6 Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também.
7 Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se.

Explicação
Gn 3:1
serpente. O grande enganador vestiu-se de serpente, uma das boas criaturas de Deus. Instilou sutilmente uma mentira e retratou a rebelião como um meio inteligente, mas no fundo inofensivo de preservar os interesses da humanidade. Por isso o “diabo ou Satanás” é posteriormente referido como “a antiga serpente” (Ap 12:9; 20:2).
astuto. As palavras hebraicas traduzidas por “astuto” e “nu” são muito parecidas. Embora estivessem nus, o homem e a mulher não sentiam vergonha (2:25). A astúcia da serpente levou-os a pecar, e então se envergonharam da nudez (cf. v. 7).
Foi isso mesmo que Deus disse...? A pergunta e a resposta mudaram o decurso da história da humanidade. Satanás, ao levar a mulher a duvidar da palavra de Deus, introduziu o mal no mundo. Aqui, o enganador incumbiu-se de afastar o homem de Deus. Em Jó 1 e 2, ele, como acusador, agiu para afastar Deus do homem (v. tb. Zc 3:1) 

Gn 3:3
nem toquem nele. A mulher faz acréscimos às palavras de Deus, distorce a ordem que Ele dera e demonstra que o desafio sutil da serpente estava alcançando seus efeitos peçonhentos.

Gn 3:4
certamente não morrerão. Negação atrevida de um decreto divino (v.2:17)

Gn 3:5
Deus sabe. Satanás acusa Deus de ter intuitos desonrosos. Em Jó 1:9-11 e 2:4-5, acusa o homem justo da mesma forma.
seus olhos se abrirão e vocês serão como Deus. Trata-se de meia verdade. Seus olhos se abririam, sem dúvida (cf. v. 7), mas o resultado foi bem diferente do prometido pela serpente.
Gn 3:6 agradável ao paladar [...] atraente aos olhos [...] desejável para [...] obter discernimento. Três aspectos da tentação. Cf. 1Jo 2:16; Lc 4:3,5,9.

Gn 3:7
perceberam que estavam nus. Não mais inocentes, como crianças, cada um tinha nova percepção de si próprio e do outro quanto à nudez e à vergonha.
para cobrir-se. Esforços próprios débeis e inúteis, de esconder a vergonha, que somente Deus podia cobrir.


Segunda dispensação: consciência
2 Julgamento e maldição

8 Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim.
9 Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: "Onde está você? "
10 E ele respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi".
11 E Deus perguntou: "Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer? "
12 Disse o homem: "Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi".
13 O Senhor Deus perguntou então à mulher: "Que foi que você fez? " Respondeu a mulher: "A serpente me enganou, e eu comi".
14 Então o Senhor Deus declarou à serpente: "Já que você fez isso, maldita é você entre todos os rebanhos domésticos e entre todos os animais selvagens! Sobre o seu ventre você rastejará, e pó comerá todos os dias da sua vida.
15 Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar".
16 À mulher, ele declarou: "Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na gravidez; com sofrimento você dará à luz filhos. Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará".
17 E ao homem declarou: "Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida.
18 Ela lhe dará espinhos e ervas daninhas, e você terá que alimentar-se das plantas do campo.
19 Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará".

Explicação
Gn 3:8
o jardim. Depois de ter sido lugar de felicidade e comunhão com Deus, passou a ser lugar de medo e de tentativa de ocultar-se de Deus.

Gn 3:9
Onde você está? Pergunta retórica (v. 4:9)

Gn 3:12
a mulher que me deste [...] me deu. O homem lança a culpa de seu pecado sobre Deus e sobre a mulher – qualquer um sem ser ele próprio.

Gn 3:13
A serpende me enganou. A mulher culpa a serpente e não a si própria.

Gn 3:14
maldita. A serpente, a mulher e o homem foram condenados, mas somente a serpente e a terra foram amaldiçoados – esta por causa de Adão (v. 17).
.  O símbolo da própria morte (v. 19) seria o alimento da serpente.

Gn 3:15
este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar. O antagonismo entre os seres humanos e as serpentes é usado para simbolizar o resultado da luta titânica entre Deus e o Maligno, guerra travada no coração e na história dos seres humanos. A descendência da mulher acabará esmagando a cabeça da serpente, promessa cumprida na vitória de Cristo sobre Satanás – da qual todos os crentes participarão (v. Rm 16:20)

Gn 3:16
sofrimento na gravidez. O castigo da mulher recaiu no que era mais exclusivamente dela como mulher e como alguém que auxiliava o marido e a ele correspondia (2:20). Da mesma forma o sofrimento (v. 17) do homem era um castigo para ele na condição de lavrador da terra. Alguns acreditam que a raiz hebraica traduzida três vezes por “sofrimento” deve ser entendida aqui no sentido de trabalho pesado (v. Pv 5:10, “trabalho”; 14:23, “trabalho árduo”).
você dará à luz filhos. A raça humana continuaria, como um sinal da graça, em meio à condenação.
desejo [...] dominará. A atração sexual pelo homem e o domínio dele sobre ela se tornariam aspectos íntimos da vida da mulher, na qual ela experimentaria aflição e angustia em vez de alegria e benção ininterruptas.

Gn 3:17-19
se alimentará. Embora tivesse que trabalhar arduamente por longas horas (condenação), o homem conseguiria produzir alimentos que lhe sustentariam a vida (graça).

Gn 3:19
volte a terra [...] ao pó voltará. O trabalho penoso do homem não conseguiria impedir a chegada da morte. A origem do seu corpo (v. 2:7) e a fonte do seu alimento (cf. v. 17) vieram a ser símbolo da morte que o aguardaria no fim.


3.Expulsão do Éden

21 O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher.
22 Então disse o Senhor Deus: "Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele também tome do fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre".
23 Por isso o Senhor Deus o mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado.
24 Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida.

Explicação
Gn 3:21
com elas vestiu. Deus de modo misericordioso forneceu a Adão e Eva roupas mais satisfatórias (cf. v. 7) para cobrir a sua vergonha (cf. v. 10).

Gn 3:22
conhecendo o bem e o mal. De modo terrivelmente pervertido, cumpriu-se a predição de Satanás (v. 5).
viva para sempre. O pecado, que sempre resulta em morte (Rm 6:23; Tg 1:14-15), priva o pecador da dádiva de Deus, a vida eterna.

Gn 3:23
o mandou embora do jardim [...] para cultivar o solo. Antes de pecar o homem tinha trabalhado num jardim belo e agradável (2:15). Agora, teria que lavrar a terra dura, amaldiçoada com espinhos e ervas daninhas (v. 18).

Gn 3:24
querubins. Semelhantes às estátuas de touro ou leões alados e com cabeças humanas colocadas como guardas nos palácios e templos da antiga Mesopotâmia (Ex 25:18).
guardando.  A espada do castigo divino ficava entre o homem caído e o jardim de Deus. A razão é citada no verso 22. Somente mediante a redenção divina é que o homem volta a ter acesso à árvore da vida (v. Ap 2:7; 22:2,14,19).


História da primeira civilização
1. Caim e Abel
A. Nascimento de Caim
C.3972 a.C.

1 Adão teve relações com Eva, sua mulher, e ela engravidou e deu à luz Caim. Disse ela: "Com o auxílio do Senhor tive um filho homem".
Explicação
Gn 4:1
Com o auxílio do Senhor. Eva reconhecia que, em última análise, Deus é a fonte da vida (v. At 17:25).


B. Nascimento de Abel
C.3971 a.C.

2 Voltou a dar à luz, desta vez a Abel, irmão dele. Abel tornou-se pastor de ovelhas, e Caim, agricultor.
Explicação
Gn 4:2
Abel. O nome significa “fôlego”, ou “temporário”, ou “sem sentido” (tradução da mesma palavra hebraica que se acha em Ec 1:2; 12:8), dando indício da brevidade da vida de Abel.


C. Caim mata Abel (124 anos)
C.3847 a.C.

3 Passado algum tempo, Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
4 Abel, por sua vez, trouxe as partes gordas das primeiras crias do seu rebanho. O Senhor aceitou com agrado Abel e sua oferta,
5 mas não aceitou Caim e sua oferta. Por isso Caim se enfureceu e o seu rosto se transtornou.
6 O Senhor disse a Caim: "Por que você está furioso? Por que se transtornou o seu rosto?
7 Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo".
8 Disse, porém, Caim a seu irmão Abel: "Vamos para o campo". Quando estavam lá, Caim atacou seu irmão Abel e o matou.
9 Então o Senhor perguntou a Caim: "Onde está seu irmão Abel?" Respondeu ele: "Não sei; sou eu o responsável por meu irmão? "
10 Disse o Senhor: "O que foi que você fez? Escute! Da terra o sangue do seu irmão está clamando.

Explicação
Gn 4:3-4
Caim trouxe o fruto da terra [...] Abel, por sua vez, trouxe as partes gordas das primeiras crias do seu rebanho. A oposição não está em oferecer vida vegetal e vida animal, mas entre a oferta sem cuidado e consideração e a oferta selecionada e generosa (v. Lv 3:16). A motivação e a atitude do coração são de importância suprema, e Deus olhou com favor para Abel e sua oferta por causa da fé que Abel tinha (Hb 11:4)
primeiras crias. Revela o reconhecimento de que toda a produtividade do rebanho provém do Senhor e o rebanho como um todo pertence a Ele.

Gn 4:5
se enfureceu. Deus não olhou com favor para Caim e sua oferta, e este (cujos intuitos e atitudes eram maus deste o começo) reagiu como se podia prever.

Gn 4:7
o pecado o ameaça a porta. A palavra hebraica traduzida por “ameaça” é a mesma palavra babilônica antiga que se refere a um demônio maligno à espreita diante da porta de uma casa para ameaçar as pessoas do lado de dentro. O pecado talvez seja retratado aqui como um demônio desses, esperando para dar o bote em Caim – desejando tomar posse dele. É possível que Caim já tivesse tramado o assassinato do irmão.
ele deseja conquista-lo. No hebraico é a mesma expressão de “Seu desejo será para [o seu marido]”, de 3:16 (v. tb. Ct 7:10)

Gn 4:8
atacou seu irmão [...] e o matou. O primeiro assassinato foi especialmente monstruoso por ter sido cometido com dolo deliberado (“Vamos para o campo...”) contra alguém que, além de irmão (cf. v. 9-11; 1Jo 3:12), era bom (Mt 23:35; Hb 11:4) – exemplo notável das pavorosas consequências da queda.

Gn 4:9
Onde...? Pergunta retórica (v. 3:9)
Não sei. Mentira descarada.
sou eu responsável o responsável pelo meu irmão? Declaração de fria indiferença por demais comum no decurso inteiro da história da humanidade.

Gn 4:10
o sangue do seu irmão está clamando. Abel, profeta em certo sentido (Lc 11:50-51), “embora esteja morto [...] ainda fala” (Hb 11:4), pois seu sangue derramado continua a clamar a Deus contra todos os que cometem violência contra seus irmãos. O sangue de Cristo porém, “fala melhor que o sangue de Abel” (Hb 12:24).

D. O sinal de Caim

11 Agora amaldiçoado é você pela terra, que abriu a boca para receber da sua mão o sangue do seu irmão.
12 Quando você cultivar a terra, esta não lhe dará mais da sua força. Você será um fugitivo errante pelo mundo".
13 Disse Caim ao Senhor: "Meu castigo é maior do que posso suportar.
14 Hoje me expulsas desta terra, e terei que me esconder da tua face; serei um fugitivo errante pelo mundo, e qualquer que me encontrar me matará".
15 Mas o Senhor lhe respondeu: "Não será assim; se alguém matar Caim, sofrerá sete vezes a vingança". E o Senhor colocou em Caim um sinal, para que ninguém que viesse a encontrá-lo o matasse.

Explicação
Gn 4:11
Amaldiçoado. A terra tinha sido amaldiçoada por causa do pecado humano (3:17), e agora o próprio Caim é amaldiçoado. Antes lavrara a terra, e esta produzia alimentos para ele (v. 2-3). Agora a terra, manchada com o sangue do irmão, simbolizaria a morte e já não lhe concederia seus produtos (v. 12).

Gn 4:12
fugitivo errante. Alienado dos semelhantes e encontrando inóspita a própria terra, passou a ser errantes na terra dos errantes.

Gn 4:13
Meu castigo é maior do que eu possa suportar. Caim, vendo-se diante de seu crime e da maldição dele decorrente, correspondeu não com remorso, mas com auto piedade. Pecava praticamente sem interrupção: impiedade (v. 3), ira (v. 5), inveja, malogro e assassinato (v. 8), mentira (v.9) e egoísmo (v. 13). O resultado foi o afastamento em relação a Deus (v. 14,16).

Gn 4:14-15
qualquer [...] alguém [...] ninguém. Essas palavras parecem subentender a presença de inúmeras pessoas além da família nuclear de Caim, mas é possível que somente prevejam o futuro e rápido crescimento da espécie humana.

Gn 4:15
sinal. Sinal de advertência para protege-lo de um vingador. Por enquanto a vida do assassino é poupada (v., porém, 6:7; 9:6). V. uma possível correspondência em Ez 9:4.


2. Descendentes de Sete e Caim  
Genealogia dos justos
A. Nascimento de Sete (63ª.geração)
3845 a.C.

1 Crônicas 1:1
1 Adão, Sete, Enos.

25 Novamente Adão teve relações com sua mulher, e ela deu à luz outro filho, a quem chamou Sete, dizendo: "Deus me concedeu um filho no lugar de Abel, visto que Caim o matou".
3 Aos 130 anos, Adão gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem; e deu-lhe o nome de Sete.

Explicação
1 Cr 1:1 – 9:44
As genealogias demonstram, de modo sucinto, o vínculo entre a comunidade restaurada e o passado. Os atos poderosos de Deus a favor de Israel antes da ascensão de Davi não são mencionados diretamente, mas as genealogias servem de esboço da história, a fim de demonstrar que o Israel da restauração está no centro do propósito divino desde o início (a partir de Adão, v. 1) E as genealogias também servem de uma maneira prática para legitimar o presente. Fornecem a base para sustentar a pureza ética e religiosa do povo. Estabelecem, ainda, a linhagem contínua de sucessão real e a legitimidade dos sacerdotes para o serviço no templo pós-exílico.
1 Cr 1:1 – 2:1
Aqui o cronista trata do período desde Adão até Jacó, e o material é extraído quase exclusivamente de Gênesis. As linhagens subsidiárias de descendência são apresentadas em primeiro lugar: Jafé e Cam (v. 5-16) são citadas antes de Sem (v. 17-27), os filhos de Sem separados dos que pertencem à linhagem de Abraão (v.17-23) antes da referida linhagem (v. 24-27); os filhos das concubinas de Abraão (v.28-33) antes da linhagem de Isaque (v. 34); os descendentes de Esaú e as casas reais de Edom (v. 35-54) antes dos filhos de Israel (2:1). Em cada caso, a linhagem eleita é colocada em último lugar.
Várias características desta genealogia destacam-se notavelmente ao serem comparadas com materiais não bíblicos. A genealogia começa sem introdução alguma. Duas seções da genealogia estão destituídas de termos que denotam grau de parentesco e não passam de listas de nomes: os 13 primeiros nomes v. 1-4 e v. 24-27. Nos v. 5-16 (e depois no v. 27) são empregados termos que denotam graus de parentesco. Estão incluídas genealogias tanto segmentadas (aquelas que rastreiam várias linhagens de descendência) quanto lineares (aquelas que rastreiam uma única linhagem). Essa estrutura idênticaaparece como exemplo na Lista dos Reis da Assíria: nã há introdução, e o escriba traçou linhas atravessando a tábua, dividindo-a em quatro seções, das quais duas são listas de nomes sem termos que indicam graus de parentesco; são usadas genealogias segmentadas, bem como as lineares. Esse fato dá a entender que o cronista estava seguindo um padrão literário conhecido para a composição.

1 Cr 1:1-4
Da criação até o dilúvio. Essa lista é tirada de Gn 5:1-32. A omissão de Caim e Abel demonstra o interesse do cronista pela linhagem escolhida (v. Gn 4:17-25).

Gn 5:3
à sua semelhança, conforme a sua imagem. Assim como Deus criou à sua imagem perfeita, também o pecaminoso Adão tem um filho segundo a sua imagem de homem imperfeito.

B. Nascimento de Enos (62ª. geração)
3740 a.C.

26 Também a Sete nasceu um filho, a quem deu o nome de Enos. Nessa época começou-se a invocar o nome do Senhor.
6 Aos 105 anos, Sete gerou Enos.
Explicação
Gn 4:26
Enos. Esse nome, assim como Adão, significa “homem”.
começou-se a invocar o nome do Senhor. A orgulhosa autoconfiança de Lameque, tão típica da linhagem de Caim, contrapõe-se à dependência de Deus presente na linhagem de Sete.


C. Nascimento de Cainã (61ª. geração)
3580 a.C.

9 Aos 90 anos, Enos gerou Cainã.

D. Nascimento de Maalaleel (60ª. Geração)
3650 a.C.
                   
1 Crônicas 1:2
2 Cainã, Maalaleel, Jarede.

12 Aos 70 anos, Cainã gerou Maalaleel.

E. Nascimento de Jarede (59ª. Geração)
3515a.C.

15 Aos 65 anos, Maalaleel gerou Jarede.

F. Nascimento de Enoque (58ª.geração)
3515a.C.

18 Aos 162 anos, Jarede gerou Enoque.
Genealogia dos ímpios
C. 3847-3300 a.C.

16 Então Caim afastou-se da presença do Senhor e foi viver na terra de Node, a leste do Éden.
17 Caim teve relações com sua mulher, e ela engravidou e deu à luz Enoque. Depois Caim fundou uma cidade, à qual deu o nome do seu filho Enoque.
18 A Enoque nasceu-lhe Irade, Irade gerou a Meujael, Meujael a Metusael, e Metusael a Lameque.
19 Lameque tomou duas mulheres: uma chamava-se Ada e a outra, Zilá.
20 Ada deu à luz Jabal, que foi o pai daqueles que moram em tendas e criam rebanhos.
21 O nome do irmão dele era Jubal, que foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.
22 Zilá também deu à luz um filho, Tubalcaim, que fabricava todo tipo de ferramentas de bronze e de ferro. Tubalcaim teve uma irmã chamada Naamá.
23 Disse Lameque às suas mulheres: "Ada e Zilá, ouçam-me; mulheres de Lameque, escutem minhas palavras: Eu matei um homem porque me feriu, e um menino, porque me machucou.
24 Se Caim é vingado sete vezes, Lameque o será setenta e sete".

Explicação
Gn 4:16
Node. Localização desconhecida.

Gn 4:17-18
Caim [...] Enoque [...] Irade [...] Meujael [...] Metusael [...] Lameque. Esses nomes, junto com o de Adão, somam sete, número que muitas vezes significa inteireza (cf. v. 15). Cada um dos seis nomes alistados aqui tem correspondente semelhante ou idêntico na genealogia de Sete, no cap. 5, como segue: Cainã (5:12), Enoque (5:21), Jarede (5:18), Malaleel (5:15), Matusalém (5:25), Lameque (5:28).  A semelhança entre os dois grupos de nomes é notável e talvez deixe prever a natureza seletiva dessas genealogias.

Gn 4:17
cidade. Em hebraico, a palavra pode referir-se a qualquer povoação permanente, por menor que seja. Caim procurou redimir-se de seu estado de peregrino pela atividade de suas próprias mãos – na terra dos errantes, edifica uma cidade.

Gn 4:19
tomou duas mulheres. A poligamia entrou na história. O orgulhoso Lameque, sétimo a partir de Adão na linhagem de Caim, talvez procurasse conseguir os benefícios da bênção inicial de Deus (v. 1:28) mediante expedientes próprios – multiplicando as esposas. A monogamia , no entanto, era a única intenção divina (v. 2:23-24)

Gn 4:20-22
Jabal [...] Jubal [...] Tubalcaim. Os três filhos de Lameque tinham nomes semelhantes, sendo cada um deles originário de um verbo hebraico que significa “trazer, levar, conduzir”, ressaltando a atividade. O nome de Tubalcaim era especialmente adequado, pois “Caim” significa “metalúrgico”.

Gn 4:22
ferramentas. Para a agricultura e para construção, servindo também de armas.

Gn 4:23
matei um homem porque me feriu. Destruição violenta e irresponsável da vida humana por alguém que,  ao fazer vingança com as próprias mãos, proclamou total independência em relação a Deus (v. Dt 32:35). Lameque orgulhosamente se proclamou senhor de seu destino, pensando que ele e seus filhos, mediante realizações próprias, seriam redimidos da maldição que caía sobre a linhagem de Caim. Essa alegação titânica é o ponto culminante da lista de pecados que começou com o egoísmo orgulhoso de Caim no começo do capítulo.

Gn 4:24
setenta e sete. O contraponto da proclamação maldosa de vingança feita por Lameque acha-se na resposta que Jesus dá em Mt 18:21-22, à pergunta de Pedro a respeito do perdão.

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