terça-feira, 12 de junho de 2012

C.S. Lewis – Deixando-se transformar


      C.S. Lewis – Deixando-se transformar – Ratos no porão

      Extraído do livro: Cristianismo Puro e Simples – Ed. Martins Fontes

(…) Há muitas coisas que sua a consciência pode não chamar de totalmente erradas (particularmente coisas que se passam no seu interior), mas que imediatamente você compreende que não podem mais ser aceitas, se é que você se dispõe seriamente a ser como Cristo...

(…) começamos a compreender o o que o Novo Testamento está sempre falando. Ele fala que os cristãos “nascem de novo”, fala que eles “se revestem de Cristo”. E fala sobre Cristo “sendo formado em nós”, sobre chegarmos a ter a “mente de Cristo”.

(…) Começamos a perceber a nossa própria pecaminosidade, além dos atos pecaminosos em particular. Começamos a ficar alarmados não apenas com o que fazemos, mas com o que somos. Isso pode parecer muito difícil de entender, então vou tentar esclarecer o meu próprio caso. Quando faço minhas orações à noite e tento lembrar dos pecados do dia,  em noventa por cento das vezes,  o mais evidente de todos os pecados acaba sendo a falta de amor: tive mau humor ou fiquei rabugento, ou usei de sarcasmo ou fiz uma tempestade num copo d'água. E a desculpa que me aparece imediatamente é que a provocação foi tão repentina  e inesperada que não tive tempo de me dominar. Ora, essa pode ter sido uma circunstância extrema, com relação àqueles atos em particular:  eles obviamente seriam piores, se tivessem sido deliberados e premeditados. Por outro lado a reação de uma pessoa quando é pega de surpresa não é a melhor evidência de que tipo de pessoa ela é?

(...)Se temos ratos no porão, é mais provável você os apanhar se entrar de repente. Mas o repente não cria os ratos; apenas impede que se escondam. Por outro lado, o fato da provocação ter sido repentina não me torna uma pessoa mal-humorada; ela apenas mostra o meu próprio mau-humor. Os ratos estarão sempre lá no porão...

(...)Aparentemente os ratos do ressentimento e do sentimento de vingança estão sempre ali no porão da minha alma. Agora, esse porão está fora do alcance da minha vontade consciente. Posso controlar os meus atos até certo ponto, mas não tenho controle direto sobre o meu temperamento. E se, como disse anteriormente, o que somos importa muito do que o que fazemos – se, de fato, o que fazemos importa principalmente como evidência do que somos – então a mudança pela qual eu estou precisando passar é uma mudança que os meus próprios esforços diretos e voluntários não são capazes de fazer. E isso também se aplica às minhas boas ações. Quantas delas foram realizadas pelo motivo certo? Quantas foram por medo da opinião pública ou pelo desejo de se mostrar? Quantas foram por algum tipo de obstinação ou senso de superioridade que, em outras circunstâncias, poderiam igualmente ter levado a algum ato maligno? O fato é que eu  não posso, por esforço moral nenhum, fornecer novos motivos a mim mesmo. Depois dos primeiros passos na vida cristã, nós acabamos nos dando conta de que tudo o que realmente precisa ser feito nas nossas almas só pode mesmo ser realizado por Deus.




Devocional ibcu
Thiago Zambelli
http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=gdmgGhhTKts


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