Extraído do livro: Um ano com C.S. Lewis – Ed. Ultimato
Original do livro: Milagres
Há, eu admito,certos aspectos em que o
Cristo ressurreto se assemelha ao “fantasma” da tradição popular. Ele “aparece”
e “desaparece”, como um fantasma; portas trancadas não representam obstáculo
para ele. No entanto, Cristo mesmo garante, com todo o vigor, que é material
(Lc 24:39-40), e come peixe frito (como qualquer outra pessoa). É nesse ponto
que o leitor moderno se sente pouco confortável. Mais constrangido fica quando
se depara com as palavras: “Não me detenhas; porque ainda não subi para o meu
Pai” (Jo 20: 17). Estamos preparados, até certo ponto, para vozes e aparições.
Mas o que poderia significar o fato de não podermos tocá-lo? Que negócio é esse
de “subir para o Pai”? Ele já não estava “com o Pai”? O que “subir” poderia
significar, a não ser uma metáfora para isso? E, se for assim, porque ele
“ainda não” fora? Tais embaraços surgem porque a história que os “apóstolos”
tinham para contar começa a conflitar, nesse ponto, com a história que
esperamos e estamos previamente determinados a ler em sua narrativa.
Esperamos que eles falem de uma vida
ressurreta como uma vida puramente “espiritual” não para significar o que é,
mas o que não é. Nós imaginamos uma vida sem espaço, sem história, sem
ambiente, sem elementos sensoriais nela. No mais profundo dos nossos corações,
nós também tendemos a achar defeito na “humanidade” do Jesus ressurreto;
tendemos a concebê-lo depois da morte simplesmente como uma divindade que está
voltando, como se a ressurreição não passasse de uma reversão da encarnação.
Sendo assim, todas as referências ao “corpo” ressurreto nos constrangem;
levantam questões complexas.
Devocional ibcu
Pr. Oswaldo Carreirohttp://www.youtube.com/watch?v=4Wnm6CZRFTE&feature=relmfu
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