6. A tentação no deserto
Fevereiro (r)/ 10 de novembro (k) de 25 d.C.
Mateus 4:1-11
1 Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
2 Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome.
3 O tentador aproximou-se dele e disse: "Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras se transformem em pães".
4 Jesus respondeu: "Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’".
5 Então o diabo o levou à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse:
6 "Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui para baixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’".
7 Jesus lhe respondeu: "Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’".
8 Depois, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor.
9 E lhe disse: "Tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar".
10 Jesus lhe disse: "Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’".
11 Então o diabo o deixou, e anjos vieram e o serviram.
Marcos 1:12-13
12 Logo após, o Espírito o impeliu para o deserto.
13 Ali esteve quarenta dias, sendo tentado por Satanás. Estava com os animais selvagens, e os anjos o serviam.
Lucas 4:1-13
1 Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto,
2 onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo diabo. Não comeu nada durante esses dias e, ao fim deles, teve fome.
3 O diabo lhe disse: "Se você é o Filho de Deus, mande a esta pedra que se transforme em pão".
4 Jesus respondeu: "Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem’ ".
5 O diabo o levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo.
6 E lhe disse: "Eu lhe darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser.
7 Então, se você me adorar, tudo será seu".
8 Jesus respondeu: "Está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’".
9 O diabo o levou a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: "Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui para baixo.
10 Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, para lhe guardarem;
11 com as mãos eles os segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’".
12 Jesus respondeu: "Dito está: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’".
13 Tendo terminado todas essas tentações, o diabo o deixou até ocasião oportuna.
Explicação
Mt 4:1-11
A importância das tentações de Jesus, ainda mais por terem ocorrido no início do seu ministério público, pode ser mais bem entendida se levarmos em conta o tipo de Messias que ele haveria de ser. Não levaria a efeito a sua missão usando o seu poder sobrenatural para necessidades próprias (primeira tentação), usando-o para conquistar muitos seguidores mediante milagres ou magias (segunda tentação) ou fazendo concessões a Satanás (a terceira tentação). Jesus não tinha no íntimo nenhuma inclinação para o pecado ou desejo de pecar, pois esses próprios pendores são pecados (Mt 5:22,28). Como era a Deus, não pecou de nenhum modo, quer por ações, quer por palavras, quer por desejos íntimos (2Co 5:21); Hb 7:26; 1Pe 2:22; 1Jo 3:5). Mesmo assim, a tentação de Jesus foi muito real, e não meramente simbólica. Ele “como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado" (Hb 4:15). O tentador apresentou-lhe uma oportunidade real de pecar. Embora Jesus fosse Filho de Deus, derrotou Satanás mediante o uso de uma arma que todos temos à disposição: a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (Ef 6:17). Enfrentou todas as três tentações com verdades bíblicas (v. 4:7,10) extraídas de Deuteronômio.
Mt 4:1
levado pelo Espírito [...] para ser tentado. Esse teste de Jesus (o verbo grego traduzido por “tentado” pode também ser vertido por “testado”), sendo parte do plano de Deus, tem como base sobretudo Dt 8:1-5, texto que Jesus também cita na sua primeira resposta ao diabo (cf. v. 4). Ali Moisés relembra como o Senhor conduziu os israelitas no deserto durante 40 anos “para humilhá-los e pô-los à prova, a fim de conhecer suas intenções, se iam obedecer seus mandamentos ou não”. Aqui, no início do seu ministério, Jesus é sujeitado a um teste semelhante e demonstra ser o verdadeiro israelita que vive “de toda palavra que procede da boca do Senhor”. E ao passo que Adão fracassou no grande teste e afundou a raça inteira no pecado (Gn 3), Jesus foi fiel e assim demonstrou a qualificação de se tornar o Salvador de todos os que o aceitarem. Era, ainda, importante que Jesus fosse testado/tentado como ocorreu com Israel e agora também conosco, a fim de se tornar nosso “sumo sacerdote misericordioso e fiel” (Hb 2:17) e assim ser “capaz de socorrer aqueles que estão sendo tentados” (Hb 2:18; v. Hb 4:15-16). Por fim, como aquele que permaneceu firme na tentação, tornou-se o exemplo para todos os crentes quando tentados.
tentado pelo Diabo. Deus certamente testa o seu povo, mas é o Diabo que tenta para o mal (v. tb. 1Jo 3:8; Ap 2:9-10; 12:9-10) Assim como a palavra hebraica traduzida por “Satanás” a palavra grega traduzida por “Diabo” significa “acusador” ou “caluniador”. O Diabo é um ser pessoal, não mera força ou influência. Ele é o arquiinimigo de Deus e o líder das hostis das trevas.
Mt 4:2
quarenta dias e quarenta noites. O número relembra as experiências de Moisés (Ex 24:18; 34:28) e de Elias (1Rs 19:8), bem como os 40 anos da tentação (teste) de Israel no deserto (Dt 8:2-3)
Mt 4:3
Se és os filho de Deus. No sentido de “Já que és...” o Diabo não está lançando dúvidas quanto à filiação divina de Jesus, mas está tentando-o para que use seus poderes sobrenaturais como Filho de Deus visando a seu próprio proveito.
Mt 4:4
Assim como Deus deu aos israelitas maná de modo sobrenatural (Dt 8:3), assim também os homens devem depender de Deus quanto à alimentação sobrenatural. Jesus dependia do seu Pai e não do próprio poder milagroso para o provimento do seu sustento.
Mt 4:5
na parte mais alta do templo. O templo, abrangendo toda área do templo, tinha sido reconstruído por Herodes, o Grande (v. tb. Jo 2:20). O átrio tinha sido grandemente ampliado para cerca de 300 para 460 metros. Para realização desta obra, uma plataforma enorme tinha sido erguida para compensar a queda brusca do terreno a sudeste. Um imenso muro de retenção, feito de pedras maciças, foi construído para sustentar a plataforma. Sobre a plataforma, havia o edifício do templo, os pórticos e os átrios cercados de belas colunatas.
Mc 1:12
Imediatamente. Característica inconfundível do estilo de Marcos é o uso (umas 47 vezes) de uma palavra grega traduzida de várias maneiras: “Logo”, “Imediatamente”, “Justamente naquela hora”, “rapidamente”, “Em seguida”, “então” (v., e.g., v. 18,20,23,28,29,42,43).
Mc 1:13
animais selvagens. Nos dias de Jesus havia muito mais animais selvagens – até mesmo leões – na Palestina do que hoje. Somente Marcos relata a presença deles nessa ocasião; ressalta que Deus protegeu Jesus no deserto.
Anjos o serviam. Assim como tinham servido Israel no deserto (v. Ex 23:20, 23; 32:34).
Lc 4:1
cheio do Espírito Santo. Lucas ressalta o Espírito Santo, não somente no seu evangelho (1:35,41,67; 2:25-27; 3:16,22; 4:14,18; 10:21; 1:13; 1:10,12) mas também em Atos, em que o Espírito é mencionado 57 vezes. ao deserto. O deserto da Judeia (Mt 3:1).
Lc 4:2
foi tentado. Lucas declarou que Jesus foi tentado durante 40 dias do seu jejum, e as três tentações específicas relatados em Mateus e em Lucas parecem ter ocorrido no fim desse período — quando a fome de Jesus estava no máximo, e sua resistência no mínimo. A sequência entre a segunda tentação e a terceira difere de Mateus para Lucas. É provável que Mateus tenha seguindo a ordem cronológica, já que no fim da tentação, no monte (a terceira de Mateus), Jesus mandou Satanás embora (Mt 4:10). Para ressaltar determinado aspecto, os evangelistas muitas vezes juntam vários acontecimentos sem a intenção de apresentar sequência cronológica. Talvez a perspectiva de Lucas aqui seja geográfica, porque no fim do relato dele Jesus está em Jerusalém.
Lc 4:3
manda essa pedra transformar-se em pão. O diabo sempre faz com que suas tentações pareçam atraentes.
Lc 4:7
se me adorares. O diabo estava tentando Jesus para que evitasse os sofrimentos da cruz, os quais veio especificamente suportar (Mc 10:45). A tentação oferecia um atalho fácil para o controle mundial.
Lc 4:9
na parte mais alta do templo. A esquina sudeste da colunata do templo, de onde havia uma queda de uns 30 m para o vale de Cedrom abaixo, ou o pináculo do templo propriamente dito.
joga-te daqui para baixo. Satanás estava tentando Jesus para que testasse a fidelidade de Deus e atraísse de modo admirável a atenção do público.
Lc 4:10
Pois está escrito. Desta vez, Satanás também citou as Escrituras, embora tenha aplicado erroneamente Sl 91:11-12.
Lc 4:12
Jesus respondeu citando as escrituras, assim como em cada uma das demais ocasiões, usando textos de Deuteronômio.
Lc 4:13
o deixou até ocasião oportuna. Satanás continuou suas tentações em todo o ministério de Jesus (v. 8:33), culminando na prova máxima, no Getsêmani.
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