g) A parábola do administrador astuto (P-20)
Lucas 16:1-18
1 Jesus disse aos seus discípulos: "O administrador de um homem rico foi acusado de estar desperdiçando os seus bens.
2 Então ele o chamou e lhe perguntou: ‘Que é isso que estou ouvindo a seu respeito? Preste contas da sua administração, porque você não pode continuar sendo o administrador’.
3 "O administrador disse a si mesmo: ‘Meu senhor está me despedindo. Que farei? Para cavar não tenho força, e tenho vergonha de mendigar…
4 Já sei o que vou fazer para que, quando perder o meu emprego aqui, as pessoas me recebam em suas casas’.
5 "Então chamou cada um dos devedores do seu senhor. Perguntou ao primeiro: ‘Quanto você deve ao meu senhor? ’
6 ‘Cem potes de azeite’, respondeu ele. "O administrador lhe disse: ‘Tome a sua conta, sente-se depressa e escreva cinquenta’.
7 "A seguir ele perguntou ao segundo: ‘E você, quanto deve?’ ‘Cem tonéis de trigo’, respondeu ele. "Ele lhe disse: ‘Tome a sua conta e escreva oitenta’.
8 "O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu astutamente. Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz.
9 Por isso, eu lhes digo: usem a riqueza deste mundo ímpio para ganhar amigos, de forma que, quando ela acabar, estes os recebam nas moradas eternas.
10 "Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito.
11 Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas?
12 E se vocês não forem dignos de confiança em relação ao que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês?
13 "Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará ao outro, ou se dedicará a um e desprezará ao outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro".
14 Os fariseus, que amavam o dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam de Jesus.
15 Ele lhes disse: "Vocês são os que se justificam a si mesmos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus".
16 "A Lei e os Profetas profetizaram até João. Desse tempo em diante estão sendo pregadas as boas novas do Reino de Deus, e todos tentam forçar sua entrada nele.
17 É mais fácil o céu e a terra desaparecerem do que cair da Lei o menor traço.
18 "Quem se divorciar de sua mulher e se casar com outra mulher estará cometendo adultério, e o homem que se casar com uma mulher divorciada do seu marido estará cometendo adultério".
Explicação
Lc 16:1
discípulos. Talvez não só os Doze (v. 6:13; 10:1).
administrador. Mordomo que cuidava de todos os negócios do dono.
desperdiçando. Tinha esbanjado as posses do seu senhor, assim como o filho pródigo, “desperdiçador” (15:13).
Lc 16:3
Que farei? O administrador desonesto (v. 8) não teve escrúpulos no momento de tirar proveito de sua posição, mesmo que isso implicasse defraudar o seu senhor. Sabendo que perderia o emprego, fez planos para o seu futuro descontando a dívida de cada devedor para com seu senhor, a fim de deverem favores para ele. Os intérpretes discordam entre si quanto à desonestidade desse procedimento. Estava entregando o que pertencia ao seu senhor, ou estava abrindo mão de taxas de juros que seu senhor não tinha direito de cobrar? Primeiramente, o administrador pode ter imposto preços excessivos aos devedores, modo comum de contornar a lei mosaica que proibia a cobranças de juros entre judeus (Dt 23:19). Para reduzir as dívidas, portanto, pode ter alterado as cifras para os montantes originais, corretos, o que tanto satisfazia o seu senhor quanto conquistaria o bom favor dos devedores. Seja como for, a lição permanece a mesma: foi suficientemente astuto para empregar os meios à sua própria disposição e planejar o seu bem-estar futuro.
Lc 16:6
Cem potes de azeite. O produto de cerca de 450 oliveiras.
Lc 16:7
Cem tonéis de trigo. O produto de aproximadamente 100 acres.
Lc 16:8
os filhos da luz. O povo de Deus (Jo 12:36; Ef 5:8; 1Ts 5:5).
Lc 16:9
usem a riqueza desse mundo ímpio. O povo de Deus deve ficar alerta para fazer o devido uso daquilo que Deus lhe tem dado.
para ganhar amigos. Ajudando os necessitados, que no futuro demonstrarão gratidão ao acolherem seus benfeitores no céu (“moradas eternas”). Dessa maneira, as riquezas mundanas poderão ser usadas para conquistar benefícios eternos.
Lc 16:10
fiel no muito. Cf. 19:17; Mt 25:21. A fidelidade não é determinada pelo montante confiado, mas pelo caráter da pessoa que o usa.
Lc 16:11
verdadeiras riquezas. As coisas de valor mais elevado; em última análise, as coisas espirituais e eterans.
Lc 16:13
dois senhores. V. Mt 6:24; cf, Tg 4:4.
Lc 16:16
até João. O ministério de João Batista, que preparou o caminho para Jesus, o Messias, foi a linha divisória entre o AT (“A Lei e os Profetas”) e o NT.
forçar a entrada. O significado é debatido, mas provavelmente se refere à sinceridade zelosa com que as pessoas correspondem ao evangelho do reino. Multidões vinham escutar Jesus e receber sua mensagem.
Lc 16:17
O ministério de Jesus (que introduz a era da nova aliança) era um cumprimento da lei (que diz respeito à era da antiga aliança) nos menores detalhes (cf. 21:33).
Lc 16:18
se divorciar de sua mulher. V. Mt 5:31-32; 19:9; Mc 10:11-12; 1Co 7:10-11. Jesus confirma a autoridade da lei, que se mantinha. Por exemplo, o adultério continuava adultério, sendo ainda ilícito e pecaminoso. O tratamento em Mateus é mais completo porque
1) demonstra que a lei foi dada por causa da dureza do coração do homem no tocante ao divórcio e
2) inclui uma única exceção como motivo permissível para o divórcio – infidelidade conjugal (Mt 19:9).
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