H. A ressureição de Lázaro (M-30)
João 11:1-46
1 Havia um homem chamado Lázaro. Ele era de Betânia, do povoado de Maria e de sua irmã Marta. E aconteceu que Lázaro ficou doente.
2 Maria, sua irmã, era a mesma que derramara perfume sobre o Senhor e lhe enxugara os pés com os cabelos.
3 Então as irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus: "Senhor, aquele a quem amas está doente".
4 Ao ouvir isso, Jesus disse: "Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela".
5 Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro.
6 No entanto, quando ouviu falar que Lázaro estava doente, ficou mais dois dias onde estava.
7 Depois disse aos seus discípulos: "Vamos voltar para a Judéia".
8 Estes disseram: "Mestre, há pouco os judeus tentaram apedrejar-te e assim mesmo vais voltar para lá? "
9 Jesus respondeu: "O dia não tem doze horas? Quem anda de dia não tropeça, pois vê a luz deste mundo.
10 Quando anda de noite, tropeça, pois nele não há luz".
11 Depois de dizer isso, prosseguiu dizendo-lhes: "Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo".
12 Seus discípulos responderam: "Senhor, se ele dorme, vai melhorar".
13 Jesus tinha falado de sua morte, mas os seus discípulos pensaram que ele estava falando simplesmente do sono.
14 Então lhes disse claramente: "Lázaro morreu,
15 e para o bem de vocês estou contente por não ter estado lá, para que vocês creiam. Mas, vamos até ele".
16 Então Tomé, chamado Dídimo, disse aos outros discípulos: "Vamos também para morrermos com ele".
17 Ao chegar, Jesus verificou que Lázaro já estava no sepulcro havia quatro dias.
18 Betânia distava cerca de três quilômetros de Jerusalém,
19 e muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria para confortá-las pela perda do irmão.
20 Quando Marta ouviu que Jesus estava chegando, foi encontrá-lo, mas Maria ficou em casa.
21 Disse Marta a Jesus: "Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido.
22 Mas sei que, mesmo agora, Deus te dará tudo o que pedires".
23 Disse-lhe Jesus: "O seu irmão vai ressuscitar".
24 Marta respondeu: "Eu sei que ele vai ressuscitar na ressurreição, no último dia".
25 Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá;
26 e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso? "
27 Ela lhe respondeu: "Sim, Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo".
28 E depois de dizer isso, foi para casa e, chamando à parte Maria, disse-lhe: "O Mestre está aqui e está chamando você".
29 Ao ouvir isso, Maria levantou-se depressa e foi ao encontro dele.
30 Jesus ainda não tinha entrado no povoado, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.
31 Quando notaram que ela se levantou depressa e saiu, os judeus, que a estavam confortando em casa, seguiram-na, supondo que ela ia ao sepulcro, para ali chorar.
32 Chegando ao lugar onde Jesus estava e vendo-o, Maria prostrou-se aos seus pés e disse: "Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido".
33 Ao ver chorando Maria e os judeus que a acompanhavam, Jesus agitou-se no espírito e perturbou-se.
34 "Onde o colocaram? ", perguntou ele. "Vem e vê, Senhor", responderam eles.
35 Jesus chorou.
36 Então os judeus disseram: "Vejam como ele o amava! "
37 Mas alguns deles disseram: "Ele, que abriu os olhos do cego, não poderia ter impedido que este homem morresse? "
38 Jesus, outra vez profundamente comovido, foi até o sepulcro. Era uma gruta com uma pedra colocada à entrada.
39 "Tirem a pedra", disse ele. Disse Marta, irmã do morto: "Senhor, ele já cheira mal, pois já faz quatro dias".
40 Disse-lhe Jesus: "Não lhe falei que, se você cresse, veria a glória de Deus? "
41 Então tiraram a pedra. Jesus olhou para cima e disse: "Pai, eu te agradeço porque me ouviste.
42 Eu sabia que sempre me ouves, mas disse isso por causa do povo que está aqui, para que creia que tu me enviaste".
43 Depois de dizer isso, Jesus bradou em alta voz: "Lázaro, venha para fora! "
44 O morto saiu, com as mãos e os pés envolvidos em faixas de linho, e o rosto envolto num pano. Disse-lhes Jesus: "Tirem as faixas dele e deixem-no ir".
45 Muitos dos judeus que tinham vindo visitar Maria, vendo o que Jesus fizera, creram nele.
46 Mas alguns deles foram contar aos fariseus o que Jesus tinha feito.
Explicação
Jo 11:1
Lazaro. Mencionado somente nos caps. 11 e 12 de João (o nome – sem ligação com esse Lázaro, contudo – também se acha na parábola de Lc 16:19-31). As irmãs dele são mencionadas em Lc 10:38-42.
Jo 11:2
derramara perfume. V.12:3.
Jo 11:3
aquele a quem amas. O relacionamento devia ser de grande intimidade.
Jo 11:4
Cf. 9:3.
Essa doença não acabará em morte. Predizendo, assim a ressureição de Lázaro (v. 44), uma vez que Jesus já sabia da sua morte iminente (v. 14). Na realidade, Lázaro deve ter morrido pouco tempo depois de os mensageiros terem partido de Betânia, totalizando assim os “quatros dias” dos v. 17,39: um dia para a viagem dos mensageiros, dos dias da permanência de Jesus (v. 6; v. 10:40) e um dia para a viagem de Jesus a Betânia.
glória. Aqui o Filho de Deus seria glorificado mediante a ressurreição de Lázaro, em parte porque o milagre demonstra a glória de Deus (o único que pode ressuscitar mortos; v. 5:21) em Jesus (v. 40), e em parte porque ajudaria a iniciar o acontecimentos que o conduziriam à cruz (v. 46-53).
Jo 11:6
ficou [...] onde estava. Jesus agia segundo as diretrizes do Pai, não segundo a vontade das pessoas (Maria e Marta, nesse caso) (cf. 2:3-4).
Jo 11:8
tentaram apedrejar-te. Havia indubitável perigo de entrar na Judeia.
Jo 11:9
doze horas. Tempo suficiente para o que precisa ser feito, mas sem a possibilidade de desperdícios.
Jo 11:11
adormeceu. Eufemismo para a morte, usado pelo mundo incrédulo bem como pelos cristãos.
Jo 11:15
creiam. Cf. 20;31.
Jo 11:16
Tomé [...] Dídimo. A palavra hebraica da qual se deriva “Tomé” e a palavra grega Dídimo significam, igualmente, “gêmeo”. Em geral nos lembramos de Tomé por causa das suas dúvidas, mas era suscetível de devoção e de coragem.
Jo 11:17
quatro dias. Muitos judeus acreditavam que a alma permanecia junto ao corpo 3 dias após a morte, na esperança de voltar. Se essa ideia existisse na mente dessas pessoas, obviamente acreditavam que toda esperança já se esvaíra – Lázaro estava irrevogavelmente morto.
Jo 11:18
três quilômetros. Reflete a preocupação de João com a exatidão da narrativa.
Jo 11:19
confortá-las. O costume judaico previa três dias de luto exacerbado, mais quatro dias de luto pesado, seguido por um luto menos severo até completar 30 dias. Era usual a visita de amigos para consolar a família.
Jo 11:20
saiu para encontrá-lo. Talvez por ser a anfitriã, na qualidade de irmã mais velha.
Jo 11:21
Repetido por Maria no v. 32. É possível que as irmãs tivessem dito isso muitas vezes uma à outra, enquanto aguardavam a chegada de Jesus.
Jo 11:22
tudo o que pedires. Essa observação parece significar que Marta tinha esperança de uma ressureição imediata, embora o corpo de Lázaro já tivesse entrado em decomposição. Nada é demasiado difícil para Deus.
Jo 11:25
vida. Jesus não estava dizendo apenas que dava ressurreição e vida. Elas estão intimamente associadas a ele, e é tal a natureza dele que a morte definitiva não existe para ele. Ele é vida (cf. 14:6; Ap 3:15; Hb 7:16).
Aquele que crê viverá. Jesus não somente é vida, mas também transmite vida ao crente de modo que a morte nunca triunfará sobre ele (cf. 1Co 15:54-57).
Jo 11:27
tenho crido. Muitas vezes lembramo-nos de Marta por sua falha registrada em Lc 10:40-41. Mas ela era uma mulher de fé, como demonstra essa declaração magnífica.
Jo 11:28
O Mestre. É significativo que uma mulher lhe atribuísse tal designação. Os rabinos não ensinavam mulheres (cf. 4:27), mas Jesus muitas vezes as ensinou.
Jo 11:31
para ali chorar. Era comum fazer lamentações diante de um túmulo, e os judeus pensaram imediatamente que essa fosse a intenção de Maria. Como a seguiram, Jesus teve a máxima publicidade.
Jo 11:32
Cf. v. 21.
Jo 11:33
chorando. Nas duas ocorrências (aqui e no v. 31), a palavra denota uma explosão audível de tristeza, i.e., “lamentação”.
perturbou-se.
Cf. 13:21.
Jo 11:35
chorou. A palavra grega assim traduzida não expressa a tristeza bradada do v.33, mas se refere ao derramamento silencioso de lágrimas.
Jo 11:36
Cf. v. 5.
Jo 11:37
A posição deles era semelhante à de Marta (v. 21) e de Maria (v. 32), mas baseavam-se na capacidade de Jesus de devolver vista aos cegos (cf. cap. 9)
Jo 11:44
faixas de linho. Faixas estreitas, como ataduras. Às vezes se usava uma mortalha.
num pano. Peça separada.
Jo 11:45
Muitos dos judeus [...] creram nele. Talvez alguns dos que tinham se oposto a Jesus tenham agora passado a crer (cf. 20:31).
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