F. A cura do cego de nascença (M-26)
João 9:1-41
1 Ao passar, Jesus viu um cego de nascença.
2 Seus discípulos lhe perguntaram: "Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego? "
3 Disse Jesus: "Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele.
4 Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar.
5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo".
6 Tendo dito isso, ele cuspiu no chão, misturou terra com saliva e aplicou-a aos olhos do homem.
7 Então lhe disse: "Vá lavar-se no tanque de Siloé" (que significa Enviado). O homem foi, lavou-se e voltou vendo.
8 Seus vizinhos e os que anteriormente o tinham visto mendigando perguntaram: "Não é este o mesmo homem que costumava ficar sentado, mendigando? "
9 Alguns afirmavam que era ele. Outros diziam: "Não, apenas se parece com ele". Mas ele próprio insistia: "Sou eu mesmo".
10 "Então, como foram abertos os seus olhos? ", interrogaram-no eles.
11 Ele respondeu: "O homem chamado Jesus misturou terra com saliva, colocou-a nos meus olhos e me disse que fosse lavar-me em Siloé. Fui, lavei-me, e agora vejo".
12 Eles lhe perguntaram: "Onde está esse homem? " "Não sei", disse ele.
13 Levaram aos fariseus o homem que fora cego.
14 Era sábado o dia em que Jesus havia misturado terra com saliva e aberto os olhos daquele homem.
15 Então os fariseus também lhe perguntaram como ele recebera a visão. O homem respondeu: "Ele colocou uma mistura de terra e saliva em meus olhos, eu me lavei e agora vejo".
16 Alguns dos fariseus disseram: "Esse homem não é de Deus, pois não guarda o sábado". Mas outros perguntavam: "Como pode um pecador fazer tais sinais miraculosos? " E houve divisão entre eles.
17 Tornaram, pois, a perguntar ao cego: "Que diz você a respeito dele? Foram os seus olhos que ele abriu". O homem respondeu: "Ele é um profeta".
18 Os judeus não acreditaram que ele fora cego e havia sido curado enquanto não mandaram buscar os seus pais.
19 Então perguntaram: "É este o seu filho, o qual vocês dizem que nasceu cego? Como ele pode ver agora? "
20 Responderam os pais: "Sabemos que ele é nosso filho e que nasceu cego.
21 Mas não sabemos como ele pode ver agora ou quem lhe abriu os olhos. Perguntem a ele. Idade ele tem; falará por si mesmo".
22 Seus pais disseram isso porque tinham medo dos judeus, pois estes já haviam decidido que, se alguém confessasse que Jesus era o Cristo, seria expulso da sinagoga.
23 Foi por isso que seus pais disseram: "Idade ele tem; perguntem a ele".
24 Pela segunda vez, chamaram o homem que fora cego e lhe disseram: "Para a glória de Deus, diga a verdade. Sabemos que esse homem é pecador".
25 Ele respondeu: "Não sei se ele é pecador ou não. Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo! "
26 Então lhe perguntaram: "O que ele lhe fez? Como lhe abriu os olhos? "
27 Ele respondeu: "Eu já lhes disse, e vocês não me deram ouvidos. Por que querem ouvir outra vez? Acaso vocês também querem ser discípulos dele? "
28 Então o insultaram e disseram: "Discípulo dele é você! Nós somos discípulos de Moisés!
29 Sabemos que Deus falou a Moisés, mas, quanto a esse, nem sabemos de onde ele vem".
30 O homem respondeu: "Ora, isso é extraordinário! Vocês não sabem de onde ele vem, contudo ele me abriu os olhos.
31 Sabemos que Deus não ouve a pecadores, mas ouve ao homem que o teme e pratica a sua vontade.
32 "Ninguém jamais ouviu que os olhos de um cego de nascença tivessem sido abertos.
33 Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer coisa alguma".
34 Diante disso, eles responderam: "Você nasceu cheio de pecado; como tem a ousadia de nos ensinar? " E o expulsaram.
35 Jesus ouviu que o haviam expulsado, e, ao encontrá-lo, disse: "Você crê no Filho do homem? "
36 Perguntou o homem: "Quem é ele, Senhor, para que eu nele creia? "
37 Disse Jesus: "Você já o tem visto. É aquele que está falando com você".
38 Então o homem disse: "Senhor, eu creio". E o adorou.
39 Disse Jesus: "Eu vim a este mundo para julgamento, a fim de que os cegos vejam e os que veem se tornem cegos".
40 Alguns fariseus que estavam com ele ouviram-no dizer isso e perguntaram: "Acaso nós também somos cegos? "
41 Disse Jesus: "Se vocês fossem cegos, não seriam culpados de pecado; mas agora que dizem que podem ver, a culpa de vocês permanece".
Explicação
Jo 9:1-12
Jesus realizou milagres mais desse tipo do que qualquer outro. Devolver a vista aos cegos fora predito como atividade messiânica (Is 29:18; 35:5; 42:7). Assim esses milagres eram prova suplementar de que Jesus era o Messias (20:31).
Jo 9:2
quem pecou...? Os rabinos tinham desenvolvido o princípio de que “Não há morte sem pecado, e não há sofrimento sem iniquidade”. Até mesmo tinham a capacidade de pensar que uma criança podia pecar no ventre materno ou que sua alma podia ter pecado em estado preexistente. Sustentavam, também, que castigos terríveis sobrevinham a certas pessoas por causa do pecado dos pais. Como demonstra o versículo seguinte, Jesus claramente contradisse essas crenças.
Jo 9:4
precisamos. Não somente Jesus.
Jo 9:6
Jesus empregava variedade de métodos em suas curas.
Jo 9:7
Siloé. O nome provinha da antiguidade (v.Is 8:6). Sendo tanque entalhado em rocha maciça, na extremidade sul da cordilheira principal em que Jerusalém estava construída, fazia parte do importante sistema de água que o rei Ezequias desenvolveu.
Jo 9:8
mendigando. Assunto não mencionado antes nesse evangelho, sendo naqueles dias, porém, praticamente o único meio de sustento para um cego.
Jo 9:14
sábado. Cf. 5:16 e o debate que se segue.
Jo 9:16
Alguns [...] outros. O primeiro grupo partiu da sua premissa firmemente arraigada e excluiu a possibilidade de Jesus ser da parte de Deus. o segundo grupo partiu dos “sinais miraculosos” e excluiu a possibilidade de Jesus ser pecador (cf. v. 31-33).
Jo 9:17
Que diz você a respeito dele? É curioso que tenham feito a pergunta a uma pessoa como essa; o fato reflete que estavam muito perplexos.
um profeta. Provavelmente a designação mais sublime que o homem tinha em mente. Progrediu no seu pensamento a respeito de Jesus: era um homem (v. 11), depois um profeta (v. 17) que podia ser seguido por discípulos (v. 27), depois alguém da parte de Deus (v. 33) e finalmente aquele que deve ser adorado (v. 38).
Jo 9:18
os judeus. No seu preconceito, não aprenderam com o sinal, mas procuravam desacreditar o milagre.
Jo 9:21
Idade ele tem. Havia muita coisa que os pais não podiam testificar, mas o fato de realçarem a responsabilidade do filho demonstravam que tinham medo de se envolver.
Jo 9:22
expulso da sinagoga. A excomunhão é relatada já nos tempos de Esdras (10:8), mas praticamente não há informações sobre como era praticada nos tempos do NT. A sinagoga era o centro da vida comunitária judaica, de modo que a excomunhão excluía a pessoa de muitos relacionamentos sociais (embora, em algumas das suas formas – pelo menos nos tempos posteriores –, não da adoração).
Jo 9:24
sabemos. No grego, há ênfase no nós (aqui subentendido).
Jo 9:27
discípulos dele. O homem já se contava um discípulo.
Jo 9:30-33
Excelente raciocínio de um homem sem escolaridade.
Jo 9:31
Deus não houve pecadores. Cf. a observação de alguns dos fariseus no v. 16.
Jo 9:34
o expulsaram. Talvez da sua assembleia ou, mais provavelmente, “o excomungaram”.
Jo 9:35
ao encontrá-lo. Jesus sem dúvida estivera à procura do homem.
Jo 9:36
O homem estava disposto a seguir qualquer sugestão do seu benfeitor.
Jo 9:38
eu creio. V. 20:31.
e o adorou. O homem estava dando a Jesus a reverência devida a Deus.
Jo 9:39
É impossível que a conversa registrada nos v. 35-38 tivesse ocorrido com a presença dos fariseus. por isso o episódio dos v. 39-41 provavelmente ocorreu um pouco mais tarde.
Para julgamento. Em certo sentido, Jesus não veio com a intenção de condenar (3:17; 12:47), mas sua vinda divide as pessoas entre si, e isso sempre traz um tipo de julgamento. Os que rejeitam a sua dádiva acabam “cegos”.
Jo 9:40
fariseus. Achavam incrível que alguém os considerasse espiritualmente cegos.
Jo 9:41
Os fariseus, ao declarar que viam, demonstravam total inconsciência da sua cegueira e pobreza espiritual. E, embora alegassem poder ver, seus atos comprovavam sua cegueira.
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