2) Jesus vai em segredo a Jerusalém
João 7:10
10 Contudo, depois que os seus irmãos subiram para a festa, ele também subiu, não abertamente, mas em segredo.
Explicação
Jo 7:10
não abertamente. Rejeitando a sugestão dos seus irmãos de que se mostrasse (v. 4)
3) Polêmica acerca do Messias
João 7:11-13
11 Na festa os judeus o estavam esperando e perguntavam: "Onde está aquele homem? "
12 Entre a multidão havia muitos boatos a respeito dele. Alguns diziam: "É um bom homem". Outros respondiam: "Não, ele está enganando o povo".
13 Mas ninguém falava dele em público, por medo dos judeus.
17 de outubro de 28* d.C.
João 7:14-53
14 Quando a festa estava na metade, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar.
15 Os judeus ficaram admirados e perguntaram: "Como foi que este homem adquiriu tanta instrução, sem ter estudado? "
16 Jesus respondeu: "O meu ensino não é de mim mesmo. Vem daquele que me enviou.
17 Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo.
18 Aquele que fala por si mesmo busca a sua própria glória, mas aquele que busca a glória de quem o enviou, este é verdadeiro; não há nada de falso a seu respeito.
19 Moisés não lhes deu a lei? No entanto, nenhum de vocês lhe obedece. Por que vocês procuram matar-me? "
20 "Você está endemoninhado", respondeu a multidão. "Quem está procurando matá-lo? "
21 Jesus lhes disse: "Fiz um milagre, e vocês todos estão admirados.
22 No entanto, porque Moisés lhes deu a circuncisão (embora, na verdade, ela não tenha vindo de Moisés, mas dos patriarcas), vocês circuncidam no sábado.
23 Ora, se um menino pode ser circuncidado no sábado para que a lei de Moisés não seja quebrada, por que vocês ficam cheias de ira contra mim por ter curado completamente um homem no sábado?
24 Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos".
25 Então alguns habitantes de Jerusalém começaram a perguntar: "Não é este o homem que estão procurando matar?
26 Aqui está ele, falando publicamente, e não lhe dizem uma palavra. Será que as autoridades chegaram à conclusão de que ele é realmente o Cristo?
27 Mas nós sabemos de onde é este homem; quando o Cristo vier, ninguém saberá de onde ele é".
28 Enquanto ensinava no pátio do templo, Jesus exclamou: "Sim, vocês me conhecem e sabem de onde sou. Eu não estou aqui por mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro. Vocês não o conhecem,
29 mas eu o conheço porque venho da parte dele, e ele me enviou".
30 Então tentaram prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque a sua hora ainda não havia chegado.
31 Assim mesmo, muitos dentre a multidão creram nele e diziam: "Quando o Cristo vier, fará mais sinais miraculosos do que este homem fez? "
32 Os fariseus ouviram a multidão falando essas coisas a respeito dele. Então os chefes dos sacerdotes e os fariseus enviaram guardas do templo para o prenderem.
33 Disse-lhes Jesus: "Estou com vocês apenas por pouco tempo e logo irei para aquele que me enviou.
34 Vocês procurarão por mim, mas não me encontrarão; onde eu estou, vocês não podem vir".
35 Os judeus disseram uns aos outros: "Aonde pretende ir este homem, que não o possamos encontrar? Para onde vive o nosso povo, espalhado entre os gregos, a fim de ensiná-lo?
36 O que ele quis dizer quando falou: ‘Vocês procurarão por mim, mas não me encontrarão’ e ‘onde eu estou, vocês não podem vir’? "
37 No último e mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
38 Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva".
39 Ele estava se referindo ao Espírito, que mais tarde receberiam os que nele cressem. Até então o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado.
40 Ouvindo as suas palavras, alguns dentre o povo disseram: "Certamente este homem é o Profeta".
41 Outros disseram: "Ele é o Cristo". Ainda outros perguntaram: "Como pode o Cristo vir da Galileia?
42 A Escritura não diz que o Cristo virá da descendência de Davi, da cidade de Belém, onde viveu Davi? "
43 Assim o povo ficou dividido por causa de Jesus.
44 Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos.
45 Finalmente, os guardas do templo voltaram aos chefes dos sacerdotes e aos fariseus, os quais lhes perguntaram: "Por que vocês não o trouxeram? "
46 "Ninguém jamais falou da maneira como esse homem fala", declararam os guardas.
47 "Será que vocês também foram enganados? ", perguntaram os fariseus.
48 "Por acaso alguém das autoridades ou dos fariseus creu nele?
49 Não! Mas essa ralé que nada entende da lei é maldita".
50 Nicodemos, um deles, que antes tinha procurando Jesus, perguntou-lhes:
51 "A nossa lei condena alguém, sem primeiro ouvi-lo para saber o que ele está fazendo? "
52 Eles responderam: "Você também é da Galileia? Verifique, e descobrirá que da Galileia não surge profeta".
53 Então cada um foi para a sua casa.
Explicação
Jo 7:12
boatos. Porque não era seguro falar abertamente (cf. v. 13).
Jo 7:14
Quando a festa estava na metade. Já com o máximo de pessoas. Ensinar nos átrios do templo em ocasiões como essa alcançaria muitas pessoas.
Jo 7:15
Os judeus. “Diferentes” da multidão” (v. 12), que também era constituída por judeus.
sem ter estudado. Com um rabino. Jesus nunca tinha sido discípulo de um mestre reconhecido.
Jo 7:16
não é de mim mesmo. O Pai, da parte de quem viera, tinha sido seu Mestre.
Jo 7:17
decidir fazer a vontade de Deus. Isso reflete toda uma atitude de vida. Quem sinceramente deseja fazer a vontade de Deus acolherá bem o ensino de Jesus e crerá nEle (cf. 6:29).
descobrirá. Agostinho comentou: “O entendimento é a recompensa da fé [...] O que é ‘Se alguém decidir fazer a vontade de Deus’? É a mesma coisa que crer”.
Jo 7:18
é verdadeiro. Deviam reconhecer que Jesus nada queria para si. Nesse evangelho, ninguém é apresentado como “verdadeiro” a não ser Deus Pai (3:33; 8:26) e Jesus. Mais uma vez João coloca Jesus na mesma categoria de Deus.
Jo 7:19
a Lei. Os judeus congratulavam-se por terem sido escolhidos para receber a lei (cf. Rm 2:17), mas Jesus lhes disse que todos violaram a lei da qual tanto se orgulhavam.
Jo 7:20
Você está endemoninhado. A acusação de ser endemoninhado é feita também em outra parte de João (e.g., 8:48-52, 10:20-21; cf. Mt 12:24-32; Mc 3:22-30).
a multidão. Provavelmente os peregrinos que tinham subido a Jerusalém para a festa – não os “judeus” que estavam tentando matar Jesus (v. 1) nem a turba de Jerusalém que sabia da trama (v. 25).
Jo 7:21
um milagre. Segundo parece, o de curar o coxo (5:1-9), como demonstra o debate a respeito do sábado.
Jo 7:22
circuncisão. A exigência da circuncisão fazia parte da lei outorgada por Moisés (Ex 12:44,48; Lv 12:3), mas não se originou com Moisés, pois remontava à Abraão (Gn 17:9-14). Os judeus entendiam que regulamentos como o de Lv 12:3 deviam ser obedecidos à risca, sendo necessário realizar a circuncisão no oitavo dia, mesmo quando caísse no sábado, dia em que nenhum trabalho devia ser feito. Essa exceção é de importância fundamental para compreender a controvérsia (v. 23). Jesus não estava dizendo que o sábado não devia ser observado, nem que os regulamentos judaicos eram por demais rigorosos. Estava dizendo que seus oponentes judaicos não compreendiam o significado do sábado. O mandamento da circuncisão demonstrava que, às vezes, não somente era permissível, mas até mesmo obrigatória a realização de algum trabalho no sábado. Atos de misericórdia enquadravam-se nessa categoria.
Jo 7:25
habitantes de Jerusalém. Expressão que, no NT, só se acha aqui e em Mc 1:5, sendo provável referência à turba de Jerusalém. Não era originária deles a trama contra Jesus, mas tinham conhecimento dela.
Jo 7:26
Será que as autoridades chegaram à conclusão...? Em grego, a pergunta denota uma forma que já conta com um resposta negativa.
Jo 7:27
ninguém saberá de onde ele é. Alguns judeus sustentavam que o AT citava a origem do Messias( cf. v. 42; Mt 2:4-6), mas outros acreditavam que não.
Jo 7:28
vocês me conhecem. Ironia, porque em certo sentido conheciam Jesus e sabiam que provinha de Nazaré, mas em sentido mais profundo não conheciam nem a Jesus, nem ao Pai (8:19). Jesus mencionou de novo que dependia do Pai (cf. 4:34) e passou a declarar que tinha conhecimento verdadeiro de Deus, ao passo que eles, não. Tanto a sua origem quanto a sua missão provinham de Deus.
Jo 7:30
tentaram prendê-lo. Os inimigos de Jesus não tinham nenhum poder contra Ele antes de chegar a hora certa.
Jo 7:31
multidão. De peregrinos. Muitos deles criam, na base dos sinais milagrosos (cf. 6:26).
Jo 7:32
chefes dos sacerdotes. Havia apenas um sumo sacerdote no cargo, mas os romanos tinham deposto vários sumos sacerdotes, e esses recebiam, por cortesia, título semelhante.
Jo 7:33
logo irei. Jesus mudou o assunto, dos seus milagres para a morte, à qual se referiu de forma enigmática (v. 34).
Jo 7:35
espalhado entre os gregos. Desde o tempo do exílio, muitos judeus viviam fora da Palestina e se achavam na maioria das cidades de todo Império Romano.
Jo 7:37
No último [...] dia da festa. Ou o sétimo dia, ou o oitavo. A Festa das Cabanas durava sete dias (Lv 23:34; Dt 16:13,15), mas tinha uma “reunião sagrada” no oitavo dia (Lv. 23:36).
levantou-se e disse em alta voz. Os mestres em geral ficavam assentados, de modo que Jesus chamou a atenção especial à sua mensagem.
Jo 7:39
O Espírito. Explicando a “água viva” (v. 38).
ainda não tinha sido dado. Não da maneira que seria dado no Pentecostes (v. At 2).
glorificado. Aqui provavelmente se refere à crucificação, ressurreição e exaltação de Jesus. A plenitude da obra do Espírito depende primeiro da obra salvífica de Jesus.
Jo 7:40
povo. A “multidão” do v. 20.
Jo 7:42
Belém. Havia ideias diferentes quanto ao lugar de origem do Messias (cf. v. 27).
Jo 7:46
os guardas. Sabiam que estariam em apuros por não ter prendido Jesus, mas não mencionaram a hostilidade da multidão, o que lhes teria servido de alguma desculpa diante dos fariseus. Ficaram impressionados com os ensinos de Jesus e não estavam dispostos a lhe causar dificuldade.
Jo 7:47
os fariseus. Deviam estar muito irritados, pois normalmente os chefes dos sacerdotes é que deviam repreender os guardas do templo.
Jo 7:49
essa ralé. A multidão de peregrinos, de novo.
nada entende. Os fariseus exageravam quanto à ignorância do povo acerca das Escrituras (cf. 42). Mas o judeu mediano prestava pouca atenção às minúcias com que os fariseus tanto se importavam. As “tradições dos antigos” eram um fardo por demais pesado para as pessoas que ganhavam a vida com trabalhos físicos pesados, e, por consequência, esses regulamentos eram, em grande medida, desconsiderados.
Jo 7:50-51
Aqui há ironia. Os fariseus deram a entender que nenhum líder acreditava em Jesus, porém Nicodemos, “uma autoridade entre os judeus” (3:1), tomou a palavra. Exigiam que o povo observasse a lei, mas Nicodemos ressaltou que, nesse caso, eles mesmos desconsideravam a lei.
Jo 7:52
da Galileia não surge profeta. V. 1:46. Estavam irados – e enganados. Jonas provinha da Galileia, e talvez também outros profetas. Além disso, os fariseus não consideravam o direito que Deus tem de levantar profetas onde quiser.
Jo 7:53
Esse versículo (junto com 8:1) demonstra que a história estava originalmente ligada a outra narrativa, pois Jesus não estava presente na reunião do Sinédrio apresentada nos v. 45-52.
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