D. A cura do paralítico do tanque de Betesda (M-8); Jesus comparece à segunda Páscoa
14-21 de abril de 27 d.C.
João 5:1-18
1 Algum tempo depois, Jesus subiu a Jerusalém para uma festa dos judeus.
2 Há em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, um tanque que, em aramaico, é chamado Betesda, tendo cinco entradas em volta.
3 Ali costumava ficar grande número de pessoas doentes e inválidas: cegos, mancos e paralíticos. Eles esperavam um movimento nas águas.
4 De vez em quando descia um anjo do Senhor e agitava as águas. O primeiro que entrasse no tanque, depois de agitada as águas, era curado de qualquer doença que tivesse.
5 Um dos que estavam ali era paralítico fazia trinta e oito anos.
6 Quando o viu deitado e soube que ele vivia naquele estado durante tanto tempo, Jesus lhe perguntou: "Você quer ser curado? "
7 Disse o paralítico: "Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim".
8 Então Jesus lhe disse: "Levante-se! Pegue a sua maca e ande".
9 Imediatamente o homem ficou curado, pegou a maca e começou a andar. Isso aconteceu num sábado,
10 e, por essa razão, os judeus disseram ao homem que havia sido curado: "Hoje é sábado, não lhe é permitido carregar a maca".
11 Mas ele respondeu: "O homem que me curou me disse: ‘Pegue a sua maca e ande’ ".
12 Então lhe perguntaram: "Quem é esse homem que lhe mandar pegar a maca e andar? "
13 O homem que fora curado não tinha ideia de quem era ele, pois Jesus havia desaparecido no meio da multidão.
14 Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: "Olhe, você está curado. Não volte a pecar, para que algo pior não lhe aconteça".
15 O homem foi contar aos judeus que fora Jesus quem o tinha curado.
16 Então os judeus passaram a perseguir Jesus, porque ele estava fazendo essas coisas no sábado.
17 Disse-lhes Jesus: "Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando".
18 Por essa razão, os judeus mais ainda queriam matá-lo, pois não somente estava violando o sábado, mas também estava até mesmo dizendo que Deus era seu próprio Pai, igualando-se a Deus.
Explicação
Jo 5:1
Algum tempo depois. Expressão indefinida (cf. 6:1; 7:1).
uma festa dos judeus. Provavelmente uma das três festas de peregrinação de que todos os homens judeus deviam participar – a Pascoa, o Pentecostes ou Tabernáculos. A identificação desta festa é importante na tentativa de apurar o número de Páscoas incluídas no ministério de Jesus e, portanto, o número de anos do seu ministério. João menciona claramente pelo menos três Páscoas: a primeira em 2:13,23, a segunda em 6:4 e a terceira várias vezes (e.g., em 11:55; 12:1). Aceitando-se a hipótese de três Páscoas, a duração do ministério de Jesus foi entre 2 a 3 anos. Se, porém, a festa de 5:1 for uma quarta Páscoa ou der a entender que uma quarta Páscoa tinha começado e terminado, o ministério de Jesus teria durado entre 3 a 4 anos.
Jo 5:2
Há. Não “havia”. Isso pode significar que o tanque ainda existia quando esse evangelho estava sendo escrito, i.e., que João escrevia antes da destruição de Jerusalém. Por si só, porém, isso não chega a comprovar a data de composição.
Betesda. Os manuscritos registram vários nomes, mas um dos rolos do mar Morto parece demonstrar que Betesda é o nome certo. O local é geralmente identificado com os tanques geminados perto de onde atualmente existe a igreja de Sant’Ana. Deve ter existido uma colunata (entradas”) em cada um dos quatro lados, e outra entre os dois tanques.
Jo 5:3-4
O v. 4 foi sem dúvida inserido posteriormente por um escriba, a fim de explicar por que um grande número de pessoas ficava à espera ao lado do tanque.
Jo 5:6
Você quer ser curado? A pergunta era importante. O homem não pedira ajuda de Jesus, e um mendigo daqueles dias podia perder uma fonte de renda às vezes lucrativa (e fácil) se fosse curado. Ou talvez tivesse simplesmente perdido a vontade de ser curado.
Jo 5:7
quando a água é agitada. O homem não via em Jesus possibilidade de cura, e sua mente estava fixada nos supostos poderes da água.
Jo 5:9
o homem ficou curado. Em geral, a fé em Jesus era essencial para a cura (e.g., Mc 5:34), mas aqui o homem nem sequer sabia quem era Jesus (v. 13). Portanto, embora Jesus em geral curasse em resposta à fé, jamais ficava limitado pela falta de fé.
Jo 5:10
não lhe é permitido carregar a maca. A interpretação tradicional da lei de Moisés proibia levar qualquer tipo de fardo no sábado. Os judeus impunham regulamentos muito rígidos quanto à observância do sábado, mas também faziam muitas brechas curiosas na legislação, e seus intérpretes da lei bem sabiam aproveitá-las (cf. Mt 23:4).
Jo 5:12
esse homem. Os judeus contrapunham a autoridade da lei de Deus – que no entender deles proibia aquele ato – à autoridade de um mero homem (pois assim consideravam Jesus) que o permitisse.
Jo 5:14
algo pior. As consequências eternas do pecado são mais graves que qualquer enfermidade física.
Jo 5:16
perseguir. João não relata qual forma de perseguição foi adotada.
estava fazendo. A ação contínua revela mais que um episódio, e parece que os judeus conseguiram encontrar um padrão de perseguição.
Jo 5:17
Meu Pai continua trabalhando até hoje. A justificativa de Jesus por seu ato era seu íntimo relacionamento com o Pai. Os judeus não se referiam a Deus como “Meu Pai”, pois consideram o termo por demais íntimo – embora pudessem ter dito “Nosso Pai” ou, em oração, “Meu Pai do Céu”. Jesus também exemplificava o modo segundo o qual o sábado devia ser observado. Deus não faz cessar seus atos de compaixão naquele dia, e Jesus também não.
Jo 5:18
seu próprio Pai. Referindo-se a um relacionamento especial. Os judeus não tinham objeções contra a ideia de Deus ser o Pai de todos, mas tinham fortes objeções contra a declaração de Jesus de ter um relacionamento especial com o Pai – relacionamento tão íntimo que o tornava igual a Deus.
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